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“A depressão e a ansiedade são as perturbações mais prevalentes”

Colaboração
Tristeza, falta de prazer nas atividades habituais, dificuldade em sair ou estar com amigos devem ser sinais a ter em atenção, alerta a psiquiatra Ana Peixinho.

Fenómenos externos como a pandemia de COVID-19, a guerra e a inflação podem ter impacto na saúde mental, ainda que esta seja afetada também por fatores como a genética e a personalidade. Ana Peixinho, coordenadora da Unidade de Saúde Mental, no Hospital Lusíadas Lisboa, fala sobre a Saúde Mental em Portugal e os sinais a que deve estar atento.


Quais as consequências da pandemia de COVID-19, da guerra e da inflação na Saúde Mental da população? 

A doença mental não tem uma única origem, é uma confluência de vários fatores importantes, como a genética e a personalidade. A existência destes fenómenos externos pode agravar a doença mental e tem maior reflexo nas pessoas que já têm alguma patologia prévia ou que estejam mais frágeis por viverem de perto este tipo de situações.  

Houve um aumento da procura de apoio na área da Saúde Mental? 

A confluência destes fenómenos ao longo dos últimos anos tem gerado um aumento da procura dos nossos serviços. A depressão e a ansiedade são as perturbações mais prevalentes, nomeadamente, em jovens adultos e adolescentes. Esta foi, aliás, uma das faixas etárias mais atingidas durante a pandemia de COVID-19, o que pode explicar o maior aparecimento de novos doentes.

A pandemia poderá ter contribuído para a diminuição do estigma associado à Saúde Mental e gerado este aumento da procura?

Com a pandemia e o isolamento, passou a usar-se mais o termo Saúde Mental — um termo mais amplo que não envolve só os cuidados, mas que engloba também a promoção da nossa saúde. Os meios de comunicação social estão atentos a isto, a sociedade está a despertar e as gerações mais novas já têm esta consciência.  

Houve necessidade de criar novas áreas de diferenciação na Unidade de Saúde Mental?

Sim, ampliámos a nossa equipa porque verificámos que nos procuravam de áreas específicas e era necessário ter profissionais de determinadas valências, nomeadamente, a área das adições, da psiquiatria perinatal, da psicogeriatria e de utilização problemática de Internet. 

O Hospital Lusíadas Lisboa tem uma unidade específica de Saúde Mental. Qual a importância desta diferenciação?

 A Unidade de Saúde Mental foi uma aposta muito significativa. É um espaço que, ao ter uma sala de espera própria, onde não há interferência com outras especialidades, transmite muito conforto e segurança. As pessoas vêm ter connosco a uma unidade específica, onde os profissionais são escolhidos para prestar um cuidado diferenciado.

Quais os sinais a que devemos estar atentos?

O que leva, fundamentalmente, as pessoas a procurar-nos é uma disfuncionalidade e um mal-estar psicológico. Devemos estar atentos aos primeiros sinais como a tristeza, a falta de prazer nas atividades habituais, a dificuldade em falar em público, de sair e de estar com os amigos e, também, às perturbações a nível do sono.

E como podemos apostar na prevenção da doença mental? 

Devemos adotar medidas de autocuidado e estarmos atentos a nós próprios.
Há uns dias, uma rapariga mais nova disse-me que, além do personal trainer, tinha um psicólogo que a acompanhava — acho isto fantástico. De facto, temos de fazer a nossa ginástica física e a nossa ginástica mental. Somos sujeitos, diariamente, a tantas questões que nos criam momentos de stresse, que temos de ter um momento para nós.

Como é que a Unidade de Saúde Mental do Hospital Lusíadas Lisboa trabalha nesse sentido?

A Unidade de Saúde Mental procura normalizar o conceito da saúde mental, apostando muito numa lógica de prevenção. Temos uma equipa muito coesa, que foi crescendo para oferecer um cuidado diferenciado e ir ao encontro das preocupações de quem nos procura e das suas famílias.
 

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Dra. Ana Peixinho

Dra. Ana Peixinho

Coordenador da Unidade de Neuropsicologia , Psicologia , Psiquiatria

Hospital Lusíadas Lisboa
Hospital Lusíadas Monsanto

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