Preparação Pré-Operatória

Clientes com um bom estado geral recuperam mais rapidamente após uma cirurgia, regressando mais cedo ao seu estado habitual. Há várias mudanças no seu estilo de vida que pode fazer já para reduzir os riscos e acelerar a sua recuperação:
•    Parar de fumar
•    Alcançar peso ideal 
•    Exercício físico 
•    Dieta saudável
•    Otimizar tratamento de problemas médicos


A consulta de anestesia é mandatória para todos os doentes com indicação cirúrgica. Não só permite prepará-lo para a cirurgia e para a anestesia a que vai ser sujeito, mas também permite antecipar potenciais riscos e planear a prestação de cuidados de forma personalizada. É ainda uma forma de evitar cancelamento de cirurgias à porta do bloco operatório por não estarem reunidas condições de segurança.


Dia da Cirurgia

No dia da cirurgia o cliente deverá cumprir o jejum e todas as recomendações que lhe foram dadas. 
Se não se sentir bem, estiver doente, ou com febre, tosse e expetoração, deve avisar o hospital pois a cirurgia poderá ter que ser adiada. 
Deve levar os seus objetos pessoais e também os medicamentos que toma habitualmente. Se dorme com C-PAP, deve trazer o dispositivo. 

Deve dirigir-se ao hospital e fazer a admissão à hora indicada. Após o acolhimento, irá retirar os seus adereços e vestir uma bata a fornecer pelo hospital. Nalgumas situações poderá ter que calçar umas meias elásticas (para prevenir complicações como tromboembolismo venoso) e poderá receber medicação (oral) para ajudar a relaxar antes de ir para o bloco. 

É provável que precise de esperar um pouco no quarto até ser chamado para o Bloco. Poderá levar algo que o ajude a ocupar o seu tempo como um livro ou um tablet. 

 

Tipos de Anestesia

Há 4 tipos de anestesia: anestesia geral, loco-regional, sedação e anestesia local.

A escolha do tipo de anestesia depende de vários fatores: o tipo de cirurgia, experiência e capacidades do anestesista, os problemas de saúde e riscos específicos do doente, e as suas preferências. 

 

Anestesia Geral

Anestesia geral é um estado de inconsciência induzido por fármacos durante o qual não sente dor e do qual não se tem memória. 
Os medicamentos que causam anestesia podem ser dados por via intravenosa, através do sistema de soro na veia ou por via inalatória, através de uma máscara colocada na face.
Após ser administrada a medicação demora cerca de 30 segundos a 1 minuto a fazer efeito. A sua ação é de curta duração e por este motivo terá que continuar a receber anestésico durante todo o procedimento. 
Enquanto está inconsciente a respiração abranda e será colocado um tubo na garganta para o ajudar a respirar. 
No final da cirurgia o anestesista pára o anestésico e o doente acorda gradualmente. 

 

Anestesia Regional

Consiste na injeção de um anestésico próximo de um ou vários nervos, causando adormecimento da zona por eles inervada. Existem 2 tipos de anestesia loco-regional: 

  • Anestesia do neuro-eixo: os nervos anestesiados encontram-se nas costas, próximos da coluna vertebral
  • Bloqueio de nervos periféricos: os nervos anestesiados não se situam junto à coluna vertebral.

Anestesia do neuro-eixo
Existem 2 técnicas de anestesia do neuro-eixo: a raquianestesia e a epidural. 

Raquianestesia
Na raquianestesia, o anestésico é injetado num espaço preenchido por líquido, onde flutua a medula espinhal. Neste tipo de anestesia, perde a sensibilidade e a mobilidade dos membros inferiores e da zona inferior do abdómen. Este efeito é temporário e dura entre 2 e 4 horas.

Anestesia Epidural
Na anestesia epidural o anestésico é administrado no espaço epidural, um espaço vazio e que fica mais longe da medula espinhal. Neste tipo de anestesia também se perde a sensibilidade e a mobilidade dos membros inferiores e da zona inferior do abdómen. A principal diferença entre os 2 tipos é que no espaço epidural se deixa um catéter (um fio de plástico estreito) por onde pode ser administrado mais anestésico ao longo do tempo. Esta característica permite usar esta técnica para aliviar a dor no pós-operatório.

Técnica Sequencial
A técnica sequencial consiste na combinação das 2 técnicas anteriores: a raquianestesia e a epidural, permitindo obter as vantagens de ambas. 

Bloqueio de nervos periféricos
Este tipo de anestesia envolve a administração de anestésico próximo de um nervo ou um grupo de nervos para retirar ou diminuir a sensibilidade temporariamente, na zona por eles inervada. 
É possível anestesiar apenas um braço, por exemplo, através da injeção de anestésico ao nível do ombro ou da axila (bloqueio do plexo braquial). 

Apesar de quase todos os nervos poderem ser anestesiados, os mais frequentes em contexto de anestesia são os bloqueios dos membros superiores e inferiores. 

 

Sedação

A sedação envolve a administração de medicamentos para o ajudar a sentir mais relaxado durante um procedimento. Há 3 níveis de sedação:
•    Sedação ligeira: está acordado mas pode sentir-se mais confortável, relaxado e sonolento.
•    Sedação moderada: sente-se relaxado e pode adormecer mas irá acordar se for chamado ou estimulado.
•    Sedação profunda: estará a dormir e não acorda mesmo se for chamado ou estimulado, apenas quando passar o efeito da medicação. Ao contrário da anestesia geral, não deverá precisar de ajuda para respirar.

 

Anestesia Local

Consiste em anestesiar uma pequena área do corpo, aplicando um anestésico apenas nessa parte. Esta anestesia pode ser utilizada para retirar pequenas lesões como quistos, no tratamento cirúrgico do síndrome do túnel cárpico e até para cirurgia da catarata.

As técnicas anteriormente descritas podem ser usadas isoladamente ou então combinadas para alcançar os melhores resultados possíveis.  

 

FAQs

Posso morrer durante a anestesia?

A probabilidade de uma pessoa saudável morrer durante a anestesia e a cirurgia é comparável ao risco de morrer numa viagem num avião comercial (risco de 1:200 000 a 1:400 000).  

Vou acordar a meio da cirurgia?

É extremamente raro. O estado de inconsciência durante a anestesia é controlado e pode ser monitorizado através da colocação de elétrodos (adesivo) na região frontal (testa) para avaliar continuamente a atividade cerebral. 

Porque não posso beber nem comer antes da cirurgia?

A perda de consciência durante a anestesia e a sedação deixa-nos propensos a aspirar conteúdo do estômago para a traqueia e os pulmões. A aspiração gástrica pode causar dificuldade respiratória, pneumonia grave e até a morte. 
O cumprimento do jejum evita esta complicação. Mesmo que esteja previsto realizar apenas anestesia local ou loco-regional, existe sempre o risco destas técnicas serem insuficiente e pode ser necessário complementar com sedação ou anestesia geral. 
 

Vou sonhar?

É possível, mas a anestesia induz um estado mais profundo do que o tipo de sono em que normalmente ocorre o sonho.

Tenho um dente a abanar. Há algum problema?

O médico anestesista vai querer saber se tem falta de dentes, dentes a abanar, se usa prótese dentária ou se tem pontes ou coroas.
Se for submetido a anestesia geral, durante a colocação do tubo na boca para o ajudar a respirar, um dente pode ser lascado ou danificado, principalmente se este estiver a abanar. Deve ir ao dentista antes da cirurgia se tiver algum dente nestas condições. 

Preciso mesmo de um acesso venoso? Quando vai ser retirado?

É mandatória a colocação de um acesso venoso (habitualmente no dorso da mão) antes de qualquer anestesia ou intervenção cirúrgica. É uma questão de segurança. Até pode não ser usado mas em caso de alguma urgência, emergência ou complicação temos que ser muito rápidos a intervir. O acesso venoso permite também a administração de fármacos anestésicos, analgésicos, antibiótico, anti-eméticos e soros.
Normalmente, é retirado quando retoma a dieta e se já não for necessário administrar nenhum medicamento por esta via. 
 

Quando posso voltar à atividade normal?

Como os fármacos anestésicos administrados continuam a ser eliminados do organismo até 24 horas após o procedimento, recomenda-se que não execute durante este período determinadas atividades:

  • Que envolvam alguma responsabilidade (assinar documentos legais, tomar conta de menores) 
  • Que possam colocar a sua vida e dos outros em perigo (conduzir, manipular máquinas).

A minha medicação pode interferir com os fármacos anestésicos?

A maioria dos medicamentos habituais não interferem com os anestésicos. No entanto antes da sua cirurgia poderá ser necessário suspender alguns medicamentos, sendo os mais comuns os antiagregantes plaquetários e os anticoagulantes. Estes medicamentos podem potenciar a hemorragia associada a cirurgia e devem ser suspensos de acordo com as indicações do anestesista e cirurgião. Alguns medicamentos e produtos naturais também podem ter este efeito como hormonas anabolizantes e a gingko biloba. Deve informar os médicos de toda a medicação que está a tomar. 

E se for alérgico à anestesia?

Uma reação alérgica a um medicamento provoca alterações da pele, dificuldade respiratória, edema da face e faringe e, por vezes, diminuição muito significativa da pressão arterial. Estas reações podem acontecer durante anestesia, sendo os sintomas mais graves também os mais raros. 
Se teve uma reação anterior com anestesia de náuseas, vómitos, sensação de mal-estar, tonturas ou comichão, estes são efeitos adversos comuns mas não são verdadeiras reações alérgicas. 
 

Quem vai estar na sala operatória?

A equipa da sala operatória é formada por muitos profissionais, cada um com sua função e todos eles indispensáveis para o sucesso da cirurgia. 
É habitual estarem presentes: um cirurgião e um ajudante, um anestesista, três enfermeiros e um auxiliar de ação médica. Nalgumas cirurgias podem estar presentes ainda mais elementos como um técnico de radiologia e um técnico de algum equipamento específico.