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Alergias de primavera: o que fazer?

Revisão Científica
As alergias de primavera são facilmente identificáveis pelos espirros, comichão e olhos vermelhos. Saiba o que pode fazer já para prevenir este incómodo.

As alergias de primavera são, na realidade, reações alérgicas mais gerais, ou melhor, são erros de leitura do sistema imunológico. O nosso sistema imunológico assume como inimigas substâncias consideradas banais no quotidiano e faz soar o alarme do organismo, que as repudia. Assim surgem muitos espirros, tosse, olhos vermelhos, nariz a pingar ou comichão na pele, que tendem a acontecer com mais frequência na primavera.

As alergias de primavera também surgem no verão

Sem um tratamento correto, o sistema imunológico torna-se ainda mais sensível, acabando por fazer o soar com mais frequência, à mínima presença de substância que considere agressoras, em qualquer altura do ano.

"Não é raro que um doente inicialmente alérgico aos pólenes, por exemplo, com queixas nos meses de Primavera, se vá sensibilizando a outros alergénios, passando a ter queixas mais intensas e também em outros períodos", conta Susana Lopes da Silva, coordenadora da Unidade de Imunoalergologia do Hospital Lusíadas Lisboa.

Alergias sazonais

Algumas alergias podem ser mesmo sazonais, mas regressam ano após ano, por vezes intensificando-se e conduzindo a quadros patológicos crónicos. "Sabemos hoje que doenças como a rinite e a asma que, em algumas situações, têm um calendário de agravamento relativamente bem conhecido, são na realidade doenças inflamatórias crónicas", explica Susana Lopes da Silva.

Mudanças de temperatura

As mudanças de temperatura podem também desencadear queixas associadas a doenças alérgicas, como a rinite ou a asma. "Não porque os doentes sejam alérgicos às mudanças de temperatura, mas porque estas alterações, sobretudo para o frio, funcionam como estímulos irritativos, causando tosse, pieira, crises de espirros, obstrução nasal, entre outros" esclarece a alergologista.

Se é alérgico trate de si 

Não valorizar a doença alérgica é um dos principais erros cometidos pelos próprios doentes. Habituam-se aos constrangimentos que os sintomas provocam, aprendem a lidar com eles e a minimizar o seu impacto e nem sempre estão devidamente informados sobre a evolução negativa que este tipo de doenças pode sofrer e, acima de tudo, nem sempre estão a par das interferências que este tipo de doenças acaba por ter na qualidade de vida.

Meios de diagnóstico

A evolução dos testes cutâneos e de outros métodos de diagnóstico tem permitido quantificar de forma precisa e eficaz a intensidade de cada sensibilização. "Esta quantificação dá-nos um auxílio importante na prescrição das vacinas para a alergia", informa Susana Lopes da Silva, detalhando que "o desenvolvimento de novas vacinas tem permitido encontrar esquemas mais confortáveis para o doente, mais eficazes e seguros, sempre com o objetivo de controlar a evolução da doença, de minimizar as queixas do doente e a sua dependência de medicamentos".

Alergias nas crianças

As crianças com história familiar de doença alérgica apresentam maior propensão para sofrer alergias. Nesses casos, evitar a exposição da criança (e da sua mãe ainda grávida) a ácaros do pó da casa e a tabaco é totalmente aconselhável, assim como promover o seu aleitamento materno nos primeiros quatro a seis meses de vida.

A introdução de alimentos mais alergénicos, como o peixe, os frutos secos e os amendoins na alimentação das crianças mais propensas à alergia deve ser também retardada.

A frequência dos casos de doenças alérgicas tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos, sobretudo nos meios urbanos, acreditando-se que a este fenómeno não será indiferente o aumento da poluição atmosférica, a crescente utilização de antibióticos e a diminuição do contacto dos seres humanos com a terra e com o ambiente rural, provocando alterações na flora intestinal e no sistema imunitário.

Queixas frequentes nas alergias de primavera:

  • Corrimento nasal, obstrução nasal e/ou prurido nasal;
  • Espirros;
  • Tosse, pieira, sensação de falta de ar e aperto torácico;
  • Olhos vermelhos, lacrimejo e prurido ocular;
  • Pele muito seca, descamativa, com muito prurido, com lesões avermelhadas e exsudativas nas fases de  agravamento;
  • Queixas respiratórias ou cutâneas associadas à ingestão de alguns alimentos ou medicamentos.

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Dra. Susana Lopes da Silva

Dra. Susana Lopes da Silva

Coordenador da Unidade de Imunoalergologia

Hospital Lusíadas Lisboa

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