O choro constitui um dos principais meios de comunicação dos bebés, principalmente nos recém-nascidos. 
“Descodificar o choro é um desafio que envolve intuição, conhecimento, perceção e aprendizagem por parte dos pais “, explica a Dra. Ana Maria Pereira, Pediatra no Hospital Lusíadas Vilamoura. 

Nos primeiros meses de vida, os bebés choram com o intuito de assegurar e manter o contacto com os seus cuidadores, particularmente com a mãe, bem como para indicar fome, dor, desconforto ou frio. 

O choro é, assim, uma reação fisiológica às suas necessidades primárias, e é herdado como parte do nosso repertório básico. O primeiro trimestre de vida é o período em que os bebés choram mais. O tempo médio de choro nesse período pode variar, desde 45 minutos a 3 horas por dia. O tempo de choro aumenta rapidamente nas primeiras 6 semanas de vida e tende a diminuir até aos 4 meses, coincidindo com mudanças importantes no desenvolvimento do afeto, nomeadamente o contacto visual e o sorriso, vocalizações não negativas e comportamento motor.  

Sentir o choro do bebé pode ser angustiante, frustrante e exaustivo. Não só os pais estão a tentar descobrir o que é que se passa, mas também, estão desesperadamente a tentar acalmar e a confortar o bebé. 

O que pode causar o choro no bebé?

“A verdade é que todos os pais já passaram pelo mesmo e é uma parte natural da jornada”, lembra a Pediatra, e “com o passar do tempo, os pais vão compreendendo e aprendendo que o seu bebé chora de diferentes formas e intensidades, consoante aquilo que quer transmitir. “

Aqui estão algumas das causas do choro do bebé: 

•    Fome/sede
•    Sono
•    Fralda suja
•    Cansaço
•    Dor
•    Cólicas
•    Necessidade de aconchego/consolo 
•    Roupa desconfortável
•    Frio/calor
•    Excesso de estímulos sonoros ou visuais
•    Alívio de tensão emocional 

Sinais que ajudam a perceber o motivo do choro: 

•    Hora da última mamada
•    Hora da última sesta
•    Necessidade de mudança da fralda
•    Temperatura do ambiente onde se encontra
•    Movimento dos braços e das pernas
•    Vocalização do choro/som emitido
•    Atividade do dia e movimentos efetuados

Quais as estratégias que podem ajudar?

A principal estratégia passa por procurar manter a calma e tentar tranquilizar o seu bebé.  

Quando o choro persiste após exclusão das principais causas físicas, nomeadamente a fome/sede, fralda suja, frio/calor, e o sono, temos que procurar outras estratégias para confortar o bebé. 

Pegar o bebé ao colo e aconchegá-lo com movimentos rítmicos (atenção não abanar o bebé), recorrer a sucção não nutritiva (exemplo a chupeta), a presença de sons calmos ou música relaxante, diminuição da intensidade das luzes, massagem, contacto pele-a-pele, e criação de rotinas pode ajudar a consolar o bebé. 

Se o bebé mantiver um choro mais persistente que o habitual, difícil de consolar, a apresentar algum sinal de doença associado (exemplo: febre, gemido, prostração, dificuldade ou recusa alimentar, vómitos, diarreia ou dificuldade respiratória), deve procurar o seu médico assistente.