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Cancro do Pulmão: Consulta de Avaliação de Risco

Colaboração
Avaliar o risco de cancro do pulmão e aconselhar medidas que os minimizem ou permitam uma deteção precoce são os objetivos desta consulta, que representa uma aposta na medicina preventiva.

Dados recentes revelam um cenário preocupante relativamente ao Cancro do Pulmão em Portugal. Só no ano de 2023, foi responsável por 4490 mortes, o valor mais elevado das 2 últimas décadas, sendo, em Portugal, o terceiro com maior incidência. Foi com base nestes dados que a Lusíadas Saúde criou um serviço inovador: uma consulta para a deteção precoce de cancro do pulmão, que visa informar, sensibilizar, determinar fatores de risco e rastrear para diagnosticar precocemente este tipo de cancro.

“Apesar dos avanços recentes na abordagem terapêutica, o prognóstico do cancro do pulmão mantém-se a um nível pouco satisfatório, com uma taxa de sobrevida aos 5 anos inferior a 10% na Europa. O diagnóstico tardio e em fases avançadas da doença acontece em cerca de 70 a 75% dos casos. Achou-se por bem agir de forma preventiva, na tentativa do diagnóstico o mais precoce possível de potenciais doentes e de tratamento com intenção curativa”, explica Luís Rocha, pneumologista do Hospital Lusíadas Porto e responsável pela consulta. Acrescenta: “Assim, torna-se urgente e importante a implementação de medidas de sensibilização para a sintomatologia desta neoplasia e o desenvolvimento de técnicas que permitam a sua deteção precoce.”

Fatores de Risco do Cancro do Pulmão

1. Fumo do Tabaco

O fumo do tabaco é o principal fator de risco para o cancro de pulmão, estando na origem de 85% dos casos deste tipo de patologia. “Está demonstrado que quanto mais tempo se fumar e quanto maior o número de cigarros, maior o risco de se desenvolver cancro do pulmão”, indica Luís Rocha. Para a determinação do risco de exposição é calculada a carga tabágica, através da seguinte fórmula: [número de cigarros por dia] x [número de anos que fumou] :  20 (corresponde ao número de cigarros de um maço)

O resultado surge em unidades de maço/ano. Por exemplo, um fumador que começou aos 20 anos a fumar um maço/dia e tem 40 anos, tem uma carga tabágica de 20 unidades de maço/ano (UMA). A partir das 15 UMA considera-se que existe um risco aumentado não só de cancro de pulmão, mas também de outras doenças oncológicas e cardiovasculares, bem como uma outra patologia respiratória muito frequente nos fumadores, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).

2.  Outros fatores

  • A exposição a poluentes ambientais, laborais e até habitacionais: Solos ricos em urânio, que emanam um gás radioativo (radão), são um fator de risco para o desenvolvimento de cancro do pulmão. Também a exposição às fibras de amianto (ex.: fibrocimento), em determinadas condições de deterioração, pode provocar doença oncológica respiratória, tendo sido objeto de intervenção legislativa em 2005, através da União Europeia, sendo recomendado o desmantelamento das infraestruturas que as contenham.
  • O envelhecimento da população e algumas mutações genéticas: São outros fatores de risco, associando-se a antecedentes familiares diretos (mãe, pai, irmãos) de cancro do pulmão e de outras neoplasias.

Quem deve marcar esta Consulta?

Têm indicação para esta consulta as pessoas que reúnam uma ou mais das seguintes condições:

  • Fumadores ou ex-fumadores há menos de 15 anos e com mais de 50 anos, com este fator de risco;
  • Pessoas com exposição laboral a fatores de risco conhecidos para esta patologia;
  • Pessoas cujos familiares diretos (pai, mãe, irmãos) tenham cancro do pulmão ou outras patologias oncológicas.

O que pode esperar desta Consulta?

Na consulta, é avaliado um conjunto de sinais e sintomas suspeitos, nomeadamente:

  • Astenia (falta de vigor, diminuição ou perda da força física);
  • Perda de peso significativa (superior a 10% e sem causa aparente);
  • Tosse ou modificação das suas características no doente com patologias já provocadas pelo tabaco;
  • Expetoração com sangue;
  • Dispneia (falta de ar).

Nota: A presença de sintomas sugere uma situação já avançada, uma vez que “o pulmão tem uma reserva funcional grande”, explica Luís Rocha.

Na consulta, é também avaliada a função respiratória ou pulmonar, bem como a imagem em termos torácicos, recorrendo-se, sempre que indicado, a alguns exames complementares de diagnóstico: radiografia torácica, citologia de expetoração, a broncoscopia, tomografia computorizada de baixa dose (TAC), tomografia emissora de positrões (PET), biomarcadores e, em alguns casos, exames mais invasivos (biópsia) ou, se necessária, a cirurgia. Estes exames permitem detetar muitas vezes lesões numa fase inicial, como os nódulos pulmonares e outras alterações que permitem a deteção precoce do cancro do pulmão.

A consulta tem ainda uma função de aconselhamento no que toca à prevenção secundária, visando a diminuição do risco para o cancro do pulmão.  Para além de medidas de alterações do estilo de vida, como a adoção de uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico, passa sobretudo pela cessação tabágica. Importa, no entanto, esclarecer que esta não é uma consulta de cessação tabágica, embora exista uma intervenção breve para este propósito.  “Se tenho um fumador que me aparece para avaliar o risco relativamente à doença oncológica, o meu objetivo é fazer um ponto de situação quanto à sua “saúde respiratória”. Numa outra fase, vamos incentivar que frequente uma consulta de cessação tabágica.”, explica Luís Rocha.

Com que frequência deve marcar Consulta?

“O acompanhamento é continuado, não se esgota apenas numa consulta”, sublinha Luís Rocha. “É importante continuar com alguma monitorização porque, mesmo que abandone o hábito tabágico, o risco de cancro de pulmão mantém-se em cerca de 50% ao fim de 10 a 15 anos. Daí a necessidade de um acompanhamento no mínimo uma vez por ano”.

O pneumologista acrescenta: “A deteção precoce salva-vidas, e apostar na prevenção é um passo importante, especialmente entre os mais jovens. Evitando o início do consumo de tabaco”.

Se fuma, já fumou ou reconhece algum fator de risco ou sintoma, não adie a sua saúde. A prevenção começa com um passo. Marque a sua consulta de diagnóstico precoce do cancro do pulmão
 

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Revisão Científica

Dr. Luís Rocha

Dr. Luís Rocha

Hospital Lusíadas Porto

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