Espondilose: causas e tratamento para a dor na coluna
Com a idade, é frequente aumentarem as dores nas costas. A causa pode ser a espondilose: “Trata-se de uma doença específica da coluna vertebral”, explica André Rodrigues Pinho, especialista em Ortopedia e Traumatologia no Hospital Lusíadas Porto.
Apesar de em certos indivíduos existir uma predisposição genética para o aparecimento da espondilose, esta patologia, provocada por uma “alteração degenerativa da coluna vertebral”, está associada ao envelhecimento. Não pode ser totalmente prevenida, mas é possível retardar o seu aparecimento e aliviar os sintomas com determinados exercícios.
O que é a espondilose?
“A espondilose é um processo fisiológico de envelhecimento da coluna vertebral inerente à espécie humana e que aumenta com a idade”, diz o especialista. Surge como resultado do desgaste das articulações que existem entre as vértebras e dos discos intervertebrais, que se vão acentuando conforme o tempo vai passando.
Os discos intervertebrais são tecidos fibrocartilaginosos que existem entre as vértebras ao longo da coluna vertebral, possibilitando o movimento da coluna e o amortecimento do impacto dos movimentos.
“Com o envelhecimento, os discos intervertebrais perdem a sua estrutura, forma e altura, provocando uma alteração do padrão de movimento intervertebral, o que vai acarretar uma sobrecarga das articulações zigoapofisárias”, explica o especialista.
Esta sobrecarga pode alterar a anatomia da vértebra, potenciando o surgimento de saliências ósseas, denominadas por osteófitos (conhecidas como os bicos de papagaio), que pressionam os nervos que saem da coluna vertebral, irradiando dor para outras regiões do corpo. Além disso, pode gerar-se uma inflamação na região, que leva ao surgimento de vários sintomas.
“A espondilose manifesta-se por dor, desconforto ou tensão na região dorsolombar ou pescoço. A intensidade varia conforme o movimento, posição ou atividade. A dor tanto pode ser bem localizada e limitada à coluna, como pode irradiar para outros membros ou manifestar-se com adormecimento ou alterações da força muscular”, descreve o médico.
Como a espondilose pode surgir na região cervical, torácica e lombar da coluna vertebral (embora seja menos frequente na região torácica), os sintomas podem afetar várias regiões do corpo.
Diagnóstico e tratamento
O método de diagnóstico depende do estado da patologia. Quando a espondilose está mais avançada, uma radiografia simples permite observar as alterações: os bicos de papagaio, a perda da altura dos discos intervertebrais, a artrose interfacetária, os sinais de instabilidade segmentar vertebral ou uma curva escoliótica. “Numa fase inicial, quando estas alterações são pouco pronunciadas, recorre-se a exames como a Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou a Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para evidenciar essas alterações”, explica o ortopedista.
Na maioria dos casos, o tratamento inclui um método mais conservador, mas que é eficaz, garante o médico. Este tratamento recorre, por um lado, a anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares e, por outro, a tratamentos de Medicina Física e de Reabilitação, fazendo ainda uso de técnicas de reforço muscular ativo, de treino cardiovascular e de controlo do peso. Pode recorrer-se ainda a infiltrações articulares, bloqueios nervosos e o uso de radiofrequência.
Quando estes tratamentos não aliviam os sintomas, pode ser necessária intervenção cirúrgica. Neste caso, há duas opções: a substituição do disco intervertebral desgastado por uma prótese total numa forma idêntica ou a fusão das duas vértebras.
Grupos e comportamentos de risco
“A espondilose está associada ao envelhecimento, mas existe em alguns indivíduos uma predisposição genética para o seu desenvolvimento”, refere o médico. No entanto, profissões fisicamente mais exigentes podem desencadear este problema numa idade mais precoce.
Além disso, há vários comportamentos que podem ser um fator de risco para a espondilose, tal como a obesidade, o sedentarismo, a má postura por períodos prolongados, os movimentos repetitivos da coluna, o tabagismo e os trabalhos que impliquem levantar objetos pesados. Nesse sentido, o regime de teletrabalho, instaurado na sequência da pandemia e do confinamento, podem agravar ainda mais este risco pela consequente utilização de objetos pouco ergonómicos em casa, como cadeiras.
No entanto, apesar de não conseguirmos prevenir a espondilose, é possível apostar-se na prevenção, retardando o seu aparecimento. “Se tivermos hábitos de vida saudáveis, como a prática de exercícios de reforço muscular como, por exemplo, o pilates ou o yoga, diminuímos os sintomas.”