3 min

Espermograma: o que é e para que serve

O espermograma é um exame complementar de diagnóstico que consiste na avaliação da qualidade do esperma e que inclui parâmetros como a contagem, a mobilidade e morfologia de espermatozoides.

Para que serve um espermograma?

 “Um espermograma é uma análise feita ao esperma em que são avaliadas as suas características. Este exame serve também para definir qual o tipo de tratamento mais adequado a cada caso, consoante a causa de infertilidade”, explica Sónia Bally Jorge, embriologista do Centro de Procriação Medicamente Assistida do Hospital Lusíadas Lisboa.

Em que casos está indicada a realização de um espermograma?

O espermograma “é um dos primeiros exames que é feito” quando há uma suspeita de infertilidade do casal. “Normalmente, o casal vai à consulta de fertilidade porque deseja engravidar e não está a conseguir. O espermograma é feito logo numa fase inicial da avaliação para despistar algum problema de infertilidade masculina”, explica a embriologista.

Este procedimento justifica-se dada a facilidade de realização do exame. “Em termos laboratoriais é um exame relativamente fácil de fazer, embora exija muita experiência do técnico.”

Quais os cuidados a adotar?

Para realizar o espermograma, “é necessário ter as virologias negativas (análises da hepatite B e C, HIV 1 e 2 e VDRL).” Será pedido ao homem que faça uma boa higiene da zona genital e que se abstenha sexualmente nos dois a cinco dias que antecedem o exame, o que “é importante para manter a qualidade do esperma e as análises serem comparáveis.”

Como é feita a colheita?

“O esperma é colhido por masturbação para um recipiente esterilizado, que é identificado com os dados pessoais. São anotados os dias de abstinência e a hora da colheita”, explica Sónia Jorge. A colheita é feita, preferencialmente no hospital, uma vez que “a análise deve ser realizada num prazo curto depois da colheita, sob pena de se alterarem alguns parâmetros.” Na necessidade de ser realizada fora das nossas instalações, a amostra deve ser entregue até uma hora após a colheita.

Quais os resultados possíveis?

No espermograma são avaliados o volume, o ph e a viscosidade do sémen, a concentração, a mobilidade e a morfologia dos espermatozoides. Pode também, quando necessário, ser avaliada a vitalidade e ser realizado um teste imunológico. “Os grandes parâmetros são o volume, concentração, mobilidade e morfologia.

Em função destes quatro parâmetros vamos definir o tratamento a realizar”, contextualiza Sónia Jorge. Os valores de referência foram definidos pela Organização Mundial da Saúde, como resultado de um estudo mundial realizado em 2010 com homens que tinham sido pais há menos de 1 ano:

  • Volume: ≥ 1,5 ml.
  • Concentração: ≥ 15 milhões de espermatozoides por mililitro.
  • Mobilidade: ≥ 32% de espermatozoides progressivos ou a 40% de espermatozoides móveis (inclui progressivos e não progressivos).
  • Morfologia: ≥ 4% de formas normais.

Os resultados são normalmente entregues em 48 horas.

Quais as consequências dos principais resultados?

Os resultados do espermograma podem ser variados consoante o resultado de cada um dos parâmetros. Sónia Jorge explica o significado dos principais cenários: “No limite, o pior dos resultados é uma situação de azoospermia em que não se detetam espermatozoides no ejaculado.

Nestes casos é necessário fazer uma biópsia testicular onde podem ou não vir a encontrar-se espermatozoides. Desde que tenhamos espermatozoides é sempre possível iniciar um ciclo de fertilização in vitro.” “Ter esperma com todos os parâmetros normais será o melhor dos cenários, o que pode não garantir a obtenção de uma gravidez. Assim como, apesar de se poder detetar alterações da função espermática, isso por si só pode não ser impeditivo de uma gravidez.

Num casal em que não parece haver fator masculino, pode ser necessário avaliar a presença de fatores femininos que afetem a fertilidade ou podem ainda ser detetadas situações associadas aos gâmetas no decurso de uma fertilização in vitro. Por isso, a abordagem da fertilidade é sempre feita no contexto do casal.”

Colaboração:
Sónia Bally Jorge, embriologista do Centro de Procriação Medicamente Assistida do Hospital Lusíadas Lisboa

Este artigo foi útil?

PT