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Febre da Carraça: Descubra os Sintomas e como Agir em Caso de Picada

Colaboração
Com a chegada da primavera e do verão, o clima convida a mais atividades ao ar livre — caminhadas, piqueniques e passeios na natureza tornam-se programas frequentes. No entanto, é fundamental estarmos atentos a um pequeno, mas perigoso, inimigo: as carraças.

Estes pequenos parasitas, aparentemente inofensivos, podem transmitir doenças graves, como a febre da carraça, através das suas picadas. As consequências para a saúde podem ser significativas, podendo em alguns casos levar a complicações sérias se não forem detetadas e tratadas atempadamente.

Leia o artigo completo e descubra tudo o que precisa saber sobre a febre da carraça: desde os sintomas até às estratégias de prevenção e os passos a seguir em caso de picada.

O que é a Febre da Carraça?

A febre escaro-nodular ou febre botonosa, habitualmente conhecida como febre da carraça, é uma doença infeciosa aguda provocada pela bactéria rickettsia conorii, que é transmitida aos humanos através da picada de uma carraça infetada. A transmissão da bactéria geralmente requer que o parasita permaneça fixado à pele por várias horas (frequentemente mais de 6 horas).

Esta é uma doença endémica em Portugal, com casos reportados anualmente, particularmente nos meses mais quentes — sobretudo em regiões rurais. As carraças podem ser transportadas por cães, que atuam como veículos de transmissão indireta, ou estar presentes em vegetação alta, aumentando o risco durante atividades ao ar livre.

Quais os principais Sintomas da Febre da Carraça?

O período de incubação da doença varia entre uma a três semanas. Após este intervalo, manifestam-se os seguintes sintomas característicos:

Sintomas gripais: 

  • Febre alta, resistente à medicação e frequentemente acompanhada de arrepios;
  • Suores intensos;
  • Dores musculares generalizadas;  
  • Dores de cabeça;
  • Em alguns casos, podem surgir dor abdominal, náuseas e diarreia.

Escara de inoculação: 

No local da picada pode surgir uma pequena lesão, indolor e de cor escura, que tende a crescer progressivamente, atingindo cerca de dois centímetros. Esta lesão pode aparecer em várias zonas do corpo, devido a múltiplas picadas. Nas crianças, localiza-se sobretudo no couro cabeludo; nos adultos, é mais comum nos membros inferiores.

Erupção cutânea (rash): 

Entre três a cinco dias após o início dos primeiros sintomas, pode surgir uma erupção avermelhada na pele, com o aparecimento de múltiplas manchas de pequena dimensão. Habitualmente, começa nos membros inferiores e dissemina-se pelo corpo, afetando sobretudo o tronco e os membros superiores — com a particularidade de atingir também as palmas das mãos e as plantas dos pés.

Como remover a carraça?

Se detetar uma carraça agarrada à sua pele, é essencial removê-la o mais rapidamente possível e da forma adequada. Caso não se consiga deslocar a uma unidade de saúde, existem formas de retirar o parasita em segurança:

  • Utilize uma pinça de pontas finas; caso não tenha, use um disco de algodão ou um pedaço de papel absorvente para evitar o contacto direto com a pele e prenda a carraça entre o polegar e o indicador;
  • Segure a carraça o mais próximo possível da pele, rode ligeiramente e puxe até que esta se solte. Confirme se não ficou nenhuma parte do parasita na pele;
  • Após a remoção, limpe o local da picada com água corrente e desinfete; 

Esteja atento e, caso surjam sintomas, procure ajuda médica de imediato.

Como prevenir a picada?

A prevenção é uma das melhores formas de nos protegermos da picada das carraças e, assim, evitarmos a infeção pelas bactérias presentes nestes parasitas.

Quando realizar atividades ao ar livre:

  • Prefira caminhar por trilhos ou caminhos definidos e evite passar pelo meio da vegetação;
  • Utilize roupa que cubra a maior parte do corpo: manga comprida, calças, calçado fechado e meias por fora das calças;
  • Opte por roupa de cores claras, para facilitar a deteção de carraças;
  • Aplique repelente de insetos na roupa e na pele;
  • Ao regressar a casa, inspecione cuidadosamente o corpo, dando especial atenção às zonas mais quentes e húmidas: virilhas, cintura, axilas, atrás dos joelhos e orelhas, e cabelo;
  • Verifique os animais de estimação sempre que voltarem da rua e proteja-os com coleiras repelentes ou outros dispositivos veterinários indicados para o efeito.


Prognóstico e Tratamento

Em crianças, a febre da carraça apresenta geralmente um curso clínico benigno. Nos adultos, quando diagnosticada precocemente e tratada de forma adequada, o prognóstico é favorável. Contudo, em doentes idosos ou indivíduos com o sistema imunitário comprometido, a doença pode evoluir com complicações mais graves.

O tratamento consiste geralmente na administração de antibióticos. Para que o tratamento seja eficaz, é fundamental agir rapidamente e procurar ajuda médica quando surgem sintomas suspeitos após:

  • Uma picada de carraça confirmada ou suspeita;
  • A realização de atividades em ambientes de risco (como zonas rurais, parques ou áreas com vegetação densa);
  • Contacto próximo com animais potencialmente infetados.

Aproveitar os dias de sol e o contacto com a natureza é essencial para o nosso bem-estar — mas é igualmente importante fazê-lo em segurança. A febre da carraça, embora tratável, pode causar complicações se não for detetada atempadamente. Por isso, adote medidas de prevenção simples e esteja atento aos sintomas.
 

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Revisão Científica

Dr. Carlos Candeias

Dr. Carlos Candeias

Coordenador da Unidade de Medicina Interna , Atendimento Permanente

Hospital Lusíadas Vilamoura

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