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O que é a síndrome do intestino irritável?

A síndrome do intestino irritável afeta entre 10 e 25% das pessoas no mundo e cerca de 1 milhão de portugueses. 

A síndrome do intestino irritável é considerada um distúrbio gastrointestinal funcional, por perturbar o funcionamento das atividades normais do organismo, sem que haja anormalidades estruturais que possam ser identificadas. 

Síndrome do intestino irritável: sintomas

É identificada pela existência de determinados sintomas:

  • Dor e/ou desconforto abdominal — que resulta normalmente em cólicas de localização e intensidade variáveis — associados a alteração dos hábitos intestinais (diarreia, obstipação ou alternância dos dois). 
  • Outros sintomas podem incluir a distensão abdominal (inchaço) e flatulências/gases. 

As causas e o diagnóstico

O seu diagnóstico deve ser feito pela positiva, de acordo com a história clínica e o exame objetivo. Os exames complementares de diagnóstico — análises de sangue e/ou fezes, estudos endoscópicos e imagiológicos — devem ser solicitados caso a caso. 
Ainda que não haja uma causa propriamente dita ou conhecida para a síndrome do intestino irritável, acredita-se que a sua génese se baseia na interligação de múltiplos fatores como a modificação da microbiota intestinal (ou flora intestinal) e as implicações do eixo cérebro-intestino, relacionadas com as alterações na motilidade intestinal (a capacidade de os intestinos executarem movimentos autónomos) e com a hipersensibilidade visceral.

Fatores de risco

A prevalência é superior nas mulheres e a idade média de aparecimento dos primeiros sintomas é aos 20 anos. A existência de patologia depressiva e/ou ansiosa, traumas psicológicos presentes ou passados bem como infeções gastrointestinais prévias podem associar-se ao maior “risco” de desenvolvimento de síndrome de intestino irritável.
Tratando-se de uma condição crónica, pode ter um forte impacto na qualidade de vida. Está frequentemente associada a elevadas taxas de absentismo escolar ou laboral o que, juntamente com as maiores despesas em saúde  — muitas vezes relacionadas com o atraso no diagnóstico — tem implicações económicas importantes.

Tratamentos

Dado que apenas uma minoria das pessoas apresenta sintomas graves, não há uma cura para a síndrome do intestino irritável. Procura-se, assim, apenas controlar os sintomas.

  • A base do controlo dos sintomas passa pelas modificações do estilo de vida (como aumento da prática de exercício físico), diminuição/controlo dos níveis de stresse e ansiedade, e modificações da dieta (nomeadamente, com redução de alimentos ricos em hidratos de carbono de cadeia curta fermentáveis – FODMAPs). 
  • A existência de uma relação de empatia entre o médico e o doente é fundamental como base no tratamento, com esclarecimento e tranquilização quanto à condição, o que permite diminuir os níveis de incerteza e ansiedade e, consequentemente, melhorar os sintomas. 
  • Nos casos em que existe necessidade de tratamento farmacológico, este é dirigido ao controlo dos sintomas (como os antiespasmódicos, antidiarreicos e laxantes) ou à modulação das vias da dor (como os antidepressivos).

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Scientific Review

Dra. Ana Luísa Santos

Dra. Ana Luísa Santos

Hospital Lusíadas Porto
PT