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Tratamento revolucionário da plagiocefalia

Nem sempre os bebés nascem com a cabeça simétrica, redonda, com a configuração esperada e “normal”. Conheça os métodos de correção da assimetria craniana existentes no Hospital Lusíadas Lisboa e o “capacete” que está a ajudar as crianças e que é uma boa notícia para os pais.

Pouco tempo depois de ter nascido, o pediatra do Daniel detetou aquilo que julgava ser um torcicolo. Recomendou-lhe fisioterapia mas não havia melhoras. O pescoço continuava estranho, a cabeça permanecia achatada. Foi então que o reencaminhou para Paula Rodeia, especialista em neurocirurgia pediátrica do Hospital Lusíadas Lisboa, que diagnosticou a plagiocefalia. Sandra Sequeira, a mãe, nunca tinha ouvido falar da doença e menos ainda no tal "capacete" para usar durante quatro meses: "Fiquei assustada mas se aquilo resolvia o problema, então vamos a isso!"

Plagiocefalia: do que se trata?

Plagiocefalia é a palavra que descreve a assimetria do crânio, uma configuração em paralelogramo ou trapezoidal. Pode ser postural – causada pela postura no útero – por um nascimento prematuro, uma gravidez gemelar, um torcicolo congénito, ou sinostótica, causada por um encerramento precoce de suturas – esta situação é mais rara e o tratamento tem de ser cirúrgico.

Necessidade do diagnóstico precoce

"Quando não é tratada, esta anomalia resultará numa assimetria crânio-facial permanente, que poderá afetar a articulação temporomandibular e o alinhamento do globo ocular, com consequentes défices funcionais", alerta Paula Rodeia. Por esta razão, o diagnóstico precoce é crucial.

"Outras complicações menos frequentes são otites de repetição e enxaqueca", continua. Como é costume nestas matérias, quanto mais depressa se intervier melhor: "A eficácia do tratamento é superior quando iniciado entre os quatro e os oito meses de idade."

Qual o tratamento da plagiocefalia postural?

Paula Rodeia explica: "Dada a plasticidade do crânio, o tratamento da plagiocefalia postural inicia-se com medidas de posicionamento que normalmente se utilizam até aos cinco meses. Incentiva-se a rotação da cabeça para o lado oposto ao afetado ou o decúbito ventral [deitado de costas para cima] quando a criança estiver acordada e devidamente supervisionada, e utiliza-se a almofada "Mimos®" em decúbito dorsal [deitado de costas para baixo], mas não durante o transporte." Estas medidas nem sempre são eficazes ou são suficientes, sobretudo se a plagiocefalia for grave.

É então que se realiza, no Hospital Lusíadas Lisboa, um procedimento que Paula Rodeia não gosta de adjetivar de inovador, apesar de não serem muitos os médicos que o aplicam: trata-se da ortótese craniana dinâmica Kinderband®. "Há vários tipos disponíveis no mercado mas nós usamos esta, que é de fabrico individualizado nos EUA, aprovada pela FDA [Food and Drugs Administration], que requer certificação clínica para a sua prescrição, colocação e seguimento. Pode ser utilizada entre os três e os 18 meses, e a sua eficácia diminui quando o tratamento se inicia após os 12 meses."

Um tratamento à medida

Depois das medições, essenciais para o diagnóstico e indicação para uso de ortótese, a criança é submetida a um laserscan. "O laserscan permite obter a reconstrução tridimensional do crânio de forma rápida, não traumática e eficaz, tornando assim desnecessários os moldes de gesso.

As imagens obtidas são trabalhadas através de um programa informático, o Biosculptor®, que, além de quantificar de modo preciso a deformidade estimada do crescimento do crânio, permitindo a construção de uma ortótese personalizada, adequada a cada caso, projeta o tempo estimado à sua utilização."

Deve ser utilizada durante 23 horas por dia entre três a cinco meses e, geralmente, é bem tolerada pelas crianças, ainda que a especialista refira que "o empenho dos pais e as consultas de acompanhamento regulares são fundamentais para eventuais ajustes, despistes de lesões cutâneas e obtenção dos objetivos". Paula Rodeia tem obtido excelentes resultados com esta espécie de "capacete". Cabeças assimétricas ganharam simetria e, com isso, evitam-se muitos outros problemas associados. Uma excelente notícia para os pais.

No caso do Gabriel

"Gabriel pôs o capacete há dois meses e já se nota uma grande diferença", diz a mãe. Do alto dos seus 10 meses não estranha o acessório. As pessoas que o veem na rua é que acham estranho: "Perguntam se ele é muito traquina, se aquilo é para ele não se magoar, se eu o deixei cair... Às vezes brincam e perguntam onde é que ele deixou a mota! Tento levar com sentido de humor. O que importa é que ele fique bem."

Publicado em maio de 2015

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Dra. Paula Rodeia

Dra. Paula Rodeia

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Hospital Lusíadas Lisboa
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