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Cancro do pâncreas: o que é

Colaboração
Não há um rastreio eficaz para o cancro do pâncreas, um dos cancros digestivos com pior prognóstico. Manter hábitos de vida saudáveis e não desvalorizar sintomas como cansaço, perda de peso e dores abdominais são os conselhos de Miguel Serrano, gastrenterologista do Hospital Lusíadas Lisboa.

O que é

O cancro do pâncreas resulta de uma perturbação do normal processo de regeneração celular dos tecidos que formam a glândula pancreática, órgão de dez a 15 centímetros, situado no abdómen, sob o estômago e com ligação ao duodeno. Quando a divisão celular não se dá de forma adequada, surgem células anormais, que crescem e se multiplicam de forma descontrolada, formando tumores.

Tipos de cancro do pâncreas

Existem diversos tipos de cancro do pâncreas, mas pelas próprias características deste órgão, constituído maioritariamente por tecido exócrino, 90% dos cancros afetam estas células exócrinas, ou seja, produtoras de enzimas digestivas. Só em cerca de 10% dos casos se trata de cancros centrados nas células endócrinas, produtoras das hormonas insulina e glucagon, responsáveis pelo nivelar das taxas de glicemia no sangue.

Em Portugal, surgem todos os anos mil novos casos de cancro do pâncreas, de acordo com os dados do Globocan 2012, um projeto da Agência Internacional para a Investigação do Cancro, organismo que pertence à Organização Mundial de Saúde.

Fatores de risco

  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
  • Obesidade;
  • Alimentação rica em gorduras
  • Pancreatite crónica

Ou seja, inflamação de longa duração no tecido pancreático, na maioria das vezes causada por abuso de álcool;

  • Diabetes
  • Idade

Este tipo de cancro surge com maior frequência depois dos 50, 60 anos.

  • Genética e história familiar

“Existem algumas síndromes hereditárias, com genes identificados, que elevam a probabilidade de cancro do pâncreas”, informa Miguel Serrano. Apesar disso, e da evidência de que a hereditariedade pode pesar nestes casos, não é possível determinar medidas de rastreio eficazes, uma vez que a realidade mostra que nem mesmo exames imagiológicos bianuais garantem um diagnóstico precoce.

“Sabemos que ter dois ou mais familiares de 1º grau que tiveram a doença significa um risco aumentado, mas não temos, mesmo para esses casos, uma orientação que nos permita fazer qualquer tipo de rastreio”, explica.

Sintomas

  • Icterícia;
  • Urina escura;
  • Fezes claras;
  • Prurido na pele;
  • Dor abdominal, que pode irradiar para as costas;
  • Problemas digestivos;
  • Falta de apetite e perda de peso;
  • Cansaço, astenia;
  • Aumento da vesícula biliar;
  • Formação de coágulos sanguíneos;
  • Irregularidades do tecido adiposo;
  • Diabetes.

Diagnóstico

A confirmação do cancro do pâncreas é quase sempre dada por exames imagiológicos como a Tomografia Axial Computorizada (TAC), Ressonância Magnética (RM), Ecografia ou Endoscopia. Para chegar ao correto estádio da doença, nomeadamente percebendo se as células malignas já invadiram os tecidos adjacentes e/ou o cancro metastizou para outros órgãos, pode ser necessário recorrer ainda a outro tipo de meios de diagnóstico, como a Tomografia por Emissão de Positrões (PET).

Tratamento

Não tendo a maior prevalência, o cancro do pâncreas é um dos cancros digestivos com pior prognóstico. Há algumas experiências feitas com recurso a técnicas laparoscópicas, mas a opção é ainda extremamente rara, sendo a cirurgia tradicional o método de tratamento comummente seguido.

A possibilidade de ressecação do tumor exige, no entanto, um diagnóstico muito precoce da doença, o que faz com que só 20% a 30% dos casos tenham indicação cirúrgica. “Nos doentes com tumores ressecáveis borderline, ou seja, que não apresentam garantias de eliminação total por cirurgia, pode fazer-se quimioterapia e/ou radioterapia neoadjuvante para promover a diminuição do tumor e permitir a cirurgia”, explica o médico.

Quando não existe, de todo, indicação para operar, as opções de tratamento passam por tratamentos paliativos de quimioterapia e/ou radioterapia.

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Revisão Científica

Dr. Miguel Serrano

Dr. Miguel Serrano

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