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Consulta do viajante: preparar uma viagem saudável

Colaboração
As férias estão a chegar e para que sejam realmente de sonho há que ter em conta algumas recomendações. Por exemplo, vai para um destino exótico? Se a resposta for positiva, então é necessário acautelar perigos e precaver doenças.

Marcar uma consulta do viajante é um passo importante ao planear as férias, sobretudo antes de partir para destinos que requerem vacinas obrigatórias e outras medidas preventivas.

Luís Tavares, coordenador da Unidade de Doenças Infeciosas ​do Hospital Lusíadas Lisboa e consultor para a Consulta do Viajante no Hospital Lusíadas Lisboa, assinala que os riscos são maiores em países e regiões menos desenvolvidos, mas na realidade há que tomar sempre algumas precauções.

“Na verdade, em todos os países, em maior ou menor grau, podem existir condições que impliquem riscos para a saúde do viajante e que são desiguais entre países e, mesmo dentro de um país, pode haver diferenças relevantes entre regiões, cidades e até mesmo entre os bairros de uma mesma cidade”, explica.

Por isso mesmo, o segredo para umas férias tranquilas é informar-se: “As consultas de saúde do viajante têm por objetivo assegurar a manutenção da saúde e minimizar a possível ocorrência de eventos prejudiciais ao estado de saúde do viajante”, salienta Luís Tavares.

Personalização é a chave na consulta do viajante

Para o médico a essência da consulta passa pela personalização: Doente-Transporte-Destino. “O objetivo é proceder a uma avaliação dos riscos, para a saúde, inerentes à viagem bem como ao aconselhamento sobre as medidas a implementar antes, durante e depois da viagem. Na avaliação dos riscos é tido em conta não apenas o local de destino, mas também as características individuais de cada viajante, o meio de transporte, a atividade programada, a duração das estadias e o plano pormenorizado da viagem e estadia”, salienta Luís Tavares, referindo, por exemplo, que o aconselhamento para sete dias de férias na Ilha do Príncipe, em São Tomé, com voo e hotel, é completamente diferente do de uma viagem de comboio transiberiano para uma estadia no Tibete.

Por isso mesmo, o médico defende que a consulta deve ocorrer, pelo menos, um mês antes da partida. Objetivo: “Garantir a implementação atempada e correta das eventuais medidas de profilaxia.” Nesta consulta são ainda avaliadas as condições de saúde do viajante em particular se se tratam de grávidas, idosos ou doentes crónicos. Os riscos de doenças relacionadas com as mudanças de pressão dentro do organismo (barotrauma) para as viagens de avião são também analisados com especial atenção.

“A existência de patologia cardíaca subjacente, pressupõe, igualmente, uma avaliação cuidada, bem como o risco de trombose venosa dos membros inferiores no caso de viagens aéreas de longa duração, e as condições ambientais, no destino, em que a altitude e a exposição à luz solar são os exemplos mais importantes”, enumera o médico.

Médico também ajuda sobre o que levar no estojo SOS

Apesar de cada caso ser único, Luís Tavares refere que geralmente as medidas de prevenção a adotar englobam a vacinação, as medicações de profilaxia (que variam segundo o viajante) e alguns comportamentos a adotar para minimizar eventuais problemas.

Na mesma consulta do viajante é também realizado um aconselhamento geral sobre aspetos práticos, como o que deve levar num estojo SOS de viagem, as normas e requisitos legais em vigor sobre as vacinas obrigatórias e ainda as condições de assistência médica e de segurança no país de destino.

No regresso, o médico lembra que em casos específicos o viajante deve voltar à consulta: “É pertinente para que se faça uma avaliação diagnóstica nos casos de estadias prolongadas ou nas que comportem risco elevado de ocorrência de doenças transmissíveis.” tabela consulta viajante

Doenças a precaver com as recomendações médicas e vacinação:

  • Febre-amarela

Doença viral e frequentemente fatal, transmitida por mosquitos encontrados na parte norte da América do Sul e África.

  • Tétano e difteria

Doenças infeciosas muitas vezes fatais. Podem ocorrer após a infeção de uma ferida.

  • Hepatite A

A infeção é transmitida pelo contacto com doentes ou produtos infetados.

  • Hepatite B

Transmitida pelo sangue e contacto sexual.

  • Tifoide

Doença infeciosa grave prevalente em todos os países exóticos com climas quentes. Para evitar a infeção durante a estadia é essencial cumprir as regras de higiene: lavar as verduras e frutas e beber água apenas de fontes fidedignas.

  • Poliomielite

Doença muito contagiosa que atinge principalmente as crianças. A infeção ocorre através de alimentos e água contaminados.

  • Malária

Transmitida por mosquitos e ocorre no Sudeste da Ásia, África e América do Sul (parte tropical).

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Revisão Científica

Dr. Luís Tavares

Dr. Luís Tavares

Coordenador da Unidade de Doenças Infeciosas

Hospital Lusíadas Lisboa
PT