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Crianças: incentive-as a fazer uma lista de resoluções

Melhorar comportamentos e trabalhar a autonomia das crianças são desafios que todos os dias se colocam aos pais. Envolvê-las e mostrar-lhes como podem atingir essas metas pode ser uma estratégia. Então, por que não deitar mãos à obra e definir uma lista de resoluções para ajudar os seus filhos a cumprirem objetivos e, com isso, a crescerem?

1. Preparar o desafio

A lista de resoluções deve ser levada a sério por toda a família. Assuma a solenidade do momento e converse com os seus filhos sobre o que gostariam de conseguir alterar no seu comportamento, as coisas que gostariam de aprender ou passar a fazer sozinhos e lance o debate sobre as melhores estratégias a adotar. Passar o compromisso a escrito é uma forma de o firmar — a lista pode depois ser exposta na parede ou registada num caderno especial. Não há uma idade certa para começar a fazer planos de longo prazo, mas é “entre os sete e os 12 anos” que o ritual faz maior sentido e cumpre a sua função. “Nesta fase, as crianças ainda não têm os seus hábitos enraizados”, explica Christine Carter, a autora do livro Raising Happiness: 10 Simple Steps for More Joyful Kids and Happier Parents (Educar para a felicidade: 10 passos simples para ter crianças mais alegres e pais mais felizes, em tradução literal), num artigo publicado no site parents.com.

2. Dar o exemplo

O modelo dos mais novos são os pais e a construção da lista de resoluções pode até ser mais divertida se estes se envolverem também. Pense em coisas simples que gostaria de mudar no seu dia a dia e comprometa-se também. A perfeição não existe e há sempre comportamentos que também pode modificar, seja fazer a cama ainda antes do pequeno-almoço ou não levantar a voz por tudo e por nada. Se a imaginação falhar, as sugestões dos seus filhos podem ser duras de ouvir, mas vão com certeza fazê-lo rir e ajudar a lembrar o que poderá alterar.

3. Mostrar-se positivo

A ideia não é listar uma série de obrigações e metas a atingir. “Em vez de apontar aquilo que ainda não fazem, lembre os seus filhos dos sucessos que obtiveram no ano anterior e de como os pequenos esforços souberam fazer a diferença”, aconselha Christine Carter. E exemplifica: “Como é que achas que podes usar essa estratégia que resultou com o piano para fazer outra coisa qualquer?”

4. Saber ouvir

Resista à tentação de lhes impor um enunciado de regras que gostaria que passassem a cumprir e pare para ouvir o que os seus filhos têm a dizer. Talvez não percebam logo o que é uma resolução e comecem por escolher os piores exemplos, incluindo “resoluções materiais”, como acabar a coleção de cromos ou conseguir ter um telemóvel. Mas é importante que não diga logo “isso é uma péssima resolução”. "Pergunte-lhes o que eles querem para si mesmos” e ofereça-lhes alguma orientação, sugere Jennifer Kolari, a terapeuta norte-americana que escreveu o livro Connected Parenting (Parentalidade relacional ou mais atenta, numa tradução aproximada), citada pelo site parents.com. Fazer perguntas e dar exemplos são sempre também boas opções, sugere por sua vez Meg Cox, outra autora norte-americana, que se dedica ao estudo das tradições familiares: "Há coisas que poderias fazer melhor ou diferente? Como poderias cuidar de ti mesmo melhor ou tratar as outras pessoas? Achas que poderias...: ser mais amigo dos teus irmãos?; Partilhar mais com os teus amigos?; Ajudar mais em casa?”.

5. Definir (poucos) objetivos e ser realista

É importante que as metas definidas sejam realistas e no final, que a lista de resoluções seja curta. "O objetivo não é ensinar os miúdos a fazer uma lista enorme de resoluções que depois não são cumpridas...”, alerta Christine Carter. Mesmo que sejam apenas duas ou três, elas devem ser muito objetivas — vou portar-me bem é demasiado genérico...— e até incluir sugestões de níveis a atingir ou etapas a ultrapassar. Um exemplo? Robin Goodman, psicóloga clínica e autora de livros sobre o stresse na infância explica: “Vou ajudar mais em casa...e para isso acontecer vou começar por: 1. Pôr a mesa, 2. Dobrar a minha roupa, etc...”; “Vou melhorar a leitura.... lendo 15 minutos, todos os dias, antes de dormir”.

6. Lembrar não é cobrar

A lista de resoluções é para valer a longo prazo, mas nenhuma criança tolera estar constantemente a ser lembrada da sua existência — mesmo tendo sido a própria a comprometer-se. “Tente não ser muito 'chato' e estar sempre a falar no mesmo”, diz Kolari. Se não vê progressos, resista à cobrança antes de reconhecer que mudar é sempre difícil e tentar perceber por que não está o seu filho a conseguir cumprir a sua lista de resoluções. “Tente entusiasmá-lo outra vez, sem estar sempre a repetir-lhe as falhas”, acrescenta a especialista.

Resoluções para crianças do pré-escolar

  • Vou lavar os dentes todas as manhãs e antes de ir para a cama.
  • Vou lavar as mãos depois de ir à casa de banho e antes de comer.
  • Vou arrumar os meus brinquedos e o quarto.
  • Vou fazer a minha cama.
  • Vou ouvir a minha mãe e o meu pai.
  • Nunca vou bater nos meus amigos.

Resoluções para crianças em idade escolar

  • Vou fazer os meus trabalhos de casa todos os dias.
  • Vou fazer as minhas tarefas em casa todos os dias.
  • Vou para a cama a horas todos os dias.
  • Serei agradável para os outros meninos.
  • Vou tentar encontrar um desporto de que goste e não desistir.
  • Vou comer mais fruta e legumes sem birras.
 

Resoluções para pré-adolescentes

  • Vou comer mais fruta e legumes todos os dias.
  • Vou ajudar nas tarefas domésticas todos os dias.
  • Vou tentar encontrar um desporto de que goste e empenhar-me.
  • Vou passar menos tempo à frente da televisão ou a jogar computador/tablet.
  • Vou respeitar sempre os meus pais, professores e as pessoas mais velhas.
  • Vou tentar ajudar mais os outros (aqui os pais têm também de envolvê-los).
  • Quando sentir raiva ou estiver stressado, vou encontrar maneiras positivas de lidar com o stresse, como fazer exercício, escrever num diário ou falar com alguém em quem confio.
Fonte: adaptado de www.rewardcharts4kids.com/

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