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Otite do nadador: inimiga das férias de verão

Em férias, apetece relaxar à beira mar ou nas águas frescas de uma piscina. Mas é preciso ter atenção à otite do nadador, muito comum nesta época do ano.

É do senso comum que, para melhor combatermos um atacante, a melhor arma é a defesa. Conhecer as causas da otite do nadador ou otite externa e a sua sintomatologia é a melhor forma de se prevenir e assegurar que o tempo passado em férias é bem aproveitado.

António Sousa Vieira, coordenador da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Lusíadas Porto, ajuda-nos a perceber, prevenir e tratar esta infeção. Até porque "a otite externa é típica do verão por causa do contacto com a água de forma mais intensa e frequente. É a chamada otite do nadador e, normalmente, estraga as férias".

O que é a otite externa ou otite do nadador?

Trata-se de uma inflamação do ouvido externo, que é constituído pelo pavilhão auricular (a orelha) e pelo canal auditivo externo. Na maioria das vezes tem origem infecciosa ou fúngica.

As bactérias que a provocam são sobretudo o Staphylococcus aureus – bactéria que existe na nossa pele e fossas nasais, mas que pode causar infeções – e Pseudomonas aeruginosas – que se desenvolve em ambientes húmidos.

Sintomas

  • Dor ou sensação do ouvido a latejar;
  • Febre;
  • Antecedentes de constipação, com presença de secreções no nariz e garganta;
  • Prurido (comichão);
  • Diminuição da audição por bloqueio do canal (raramente).

Causas

Há doenças de pele prévias (como psoríase ou seborreia), que provocam o comprometimento da barreira de defesa da pele, mas é o macerar da pele provocado pela água, que torna esta superfície um meio ideal para o desenvolvimento das bactérias.

"É claro que coçar o ouvido com a unha (que é também um veículo de entrada de bactérias), com a caneta ou a agulha de crochet, são práticas muito pouco aconselháveis e que provocam, frequentemente, esta inflamação", explica António Sousa Vieira, otorrinolaringologista do Hospital Lusíadas Porto.

O especialista lembra ainda que as dermatites que pioram com a aplicação de lacas ou de corantes do cabelo podem igualmente provocar infeções.

Prevenção

1ª Manobra de prevenção: não tocar

  • Não fazer remoção de cerúmen (a chamada cera de ouvido), a não ser que sintamos obstrução, pois este tem um efeito protetor. Nesse caso, é aconselhável consultar um especialista para fazer uma limpeza;
  • Evitar o uso de cotonetes, limpar apenas com a toalha;
  • Não coçar o ouvido: se sentir prurido (comichão) consultar o médico.

2ª Manobra de prevenção: os tampões

"O uso de tampões é discutível", adianta o especialista: "Se estiverem adaptados e feitos à medida, podem ser benéficos, caso contrário, criam uma falsa segurança."

3ª Manobra de prevenção: evitar entrada de água

No caso de otites externas de repetição, é necessário arranjar soluções que vão repelir a água, como 2-3 gotas de óleo de amêndoas doces ou vaselina antes de ir para o banho.

Riscos acrescidos

  • Quem tem dermatites crónicas, eczemas ou psoríase, com comichão associada, tem um risco acrescido de ter otites no verão. É indispensável consultar um especialista para evitar mais complicações;
  • Evite passar muito tempo na água, sobretudo nas piscinas. Os pais deverão controlar o tempo de permanência das crianças.

Tratamentos

Os tratamentos são, na maioria das vezes, de aplicação tópica: gotas ou acidificantes da pele. No entanto, se existirem infeções, poderá ser necessário usar anti-inflamatório, antibióticos ou anti-fúngicos. A consulta de um especialista é determinante para um diagnóstico acertado e tratamento adequado.

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Revisão Científica

Dr. António Sousa Vieira

Dr. António Sousa Vieira

Coordenador da Unidade de Otorrinolaringologia

Hospital Lusíadas Porto
Hospital Lusíadas Amadora
PT