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Endorfinas: por que melhoram o humor?

Colaboração
Também conhecidas como “hormonas da felicidade”, devem em parte o nome à morfina pelo seu efeito analgésico. Ajudam em situações de stresse e são aplicadas na fisioterapia.

O que são endorfinas?

São neurotransmissores produzidos pelo nosso organismo em resposta a determinados estímulos como o stresse, o medo, a dor. Os neurotransmissores são químicos que permitem transmitir sinais elétricos dentro do sistema nervoso e que no caso das endorfinas têm recetores em regiões do cérebro responsáveis por bloquear a dor e controlar as emoções - devem-se a elas as sensações de prazer associadas à comida, às relações sexuais e ao exercício físico.

O seu nome vem da morfina. Os opioides, como a morfina e a heroína, interagem com os mesmos recetores no sistema nervoso central que as endorfinas, reduzindo a perceção de dor. A diferença é que os primeiros são químicos produzidos externamente e as endorfinas (palavra que deriva de endógeno e morfina) são produzidas pelo nosso próprio organismo. A outra diferença é que a ativação dos recetores opioides pelas nossas endorfinas não leva à dependência como as drogas opiáceas (morfina, codeína).

Há modalidades mais propícias à produção de endorfinas?

Sabe-se que a libertação de endorfinas varia de pessoa para pessoa, o que significa que a mesma quantidade de exercício pode não ter o mesmo efeito em pessoas diferentes. E que a produção de endorfinas geralmente só ocorre em resposta a exercício aeróbico (que inclui modalidades como a corrida, a natação, a dança) prolongado e intenso (isto é, superior a uma hora) ou treino anaeróbico curto (como o levantamento de pesos ou sprints).

Contudo, os benefícios do exercício físico vão muito além da libertação de endorfinas. O mais importante é escolher uma modalidade de que goste, que o faça sentir-se bem e que seja adequada à sua condição física.

Quanto tempo dura o efeito?

Os estudos sobre a duração do efeito das endorfinas no organismo são muito distintos: uns apontam para uma ou duas horas após o exercício; outros para 72 horas.

Na opinião de Inês Pedro, especialista em Ortopedia e Traumatologia do Hospital Lusíadas Lisboa, o efeito das endorfinas associadas ao exercício e no aumento do limiar à dor têm um efeito curto no tempo. Já a sensação de prazer associada à realização de exercício, refere a médica pós-graduada em Medicina Desportiva, prolonga-se no tempo, fazendo com que os indivíduos queiram repetir os comportamentos que lhe originaram prazer.

Que outros efeitos têm?

Além de melhorar o humor, níveis mais elevados deste neurotransmissor levam a sensações de euforia, modulação do apetite, libertação das hormonas sexuais e aumento da resposta imunitária.

Elas ajudam nas funções cardiovascular, gastrointestinal e geniturinária, melhorando o funcionamento visceral dos órgãos e ajudando a manter a homeostasia (processo de regulação através do qual o organismo mantém o equilíbrio) e a pressão arterial, a frequência respiratória e o ciclo cardíaco.

Saiba ainda que...

1. As endorfinas têm um efeito analgésico usado na fisioterapia

As endorfinas são utilizadas em tratamentos de reabilitação na fisioterapia. Existe uma teoria que associa a utilização de TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation) à sua libertação. Usando impulsos de baixa frequência e amplitude elevada aplicados na pele estimula-se o sistema nervoso central a libertar estes neurotransmissores, obtendo um efeito analgésico.

2. As pessoas com dor crónica têm níveis de endorfina mais baixo

Há estudos que mostram que pessoas com doenças que condicionam dor crónica, como a fibromialgia ou a síndrome de fadiga crónica, têm níveis de endorfinas mais baixos que o normal e que beneficiam da prática de exercício.

3. As endorfinas produzem-se com outras atividades

Para além do exercício físico há várias atividades da nossa vida diária que desencadeiam a sua produção, como: as relações sexuais; a meditação, a massagem ou a acupunctura; comer pimentos ou chocolate; a exposição à luz ultravioleta; o parto.

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Revisão Científica

Dra. Inês Pedro

Dra. Inês Pedro

Hospital Lusíadas Lisboa
PT