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Nutrição em geriatria: será mesmo importante?

A desnutrição no idoso pode ser muitas vezes desvalorizada por se confundir com sinais de envelhecimento. No entanto, é preciso estar atento: é que as alterações no estado nutricional dos idosos contribuem de forma significativa para o aumento da incapacidade física, morbilidade e mortalidade.

Em Portugal, o número de idosos (pessoas com idade superior a 65 anos) tem vindo a aumentar nos últimos anos. Em 2015, Portugal era o 4.º país da União Europeia com maior percentagem de pessoas idosas, existindo já cerca de 144 idosos por cada 100 jovens. As alterações no estado nutricional dos idosos são consideradas um grave problema de saúde pública – daí a importância da nutrição em geriatria.

Segundo dados estatísticos de 2015/2016, a prevalência de desnutrição no idoso era de 16,1% e de excesso de peso de 44,3%. As alterações no estado nutricional dos idosos contribuem de forma significativa para o aumento da incapacidade física, morbilidade e mortalidade, condicionando a sua qualidade de vida.

Num estudo realizado em Portugal e publicado em 2018, intitulado Food Insecurity in Older Adults: Results From the Epidemiology of Chronic Diseases Cohort Study 3, verificou-se que 23% dos idosos viviam em situação de insegurança alimentar, não tendo acesso a alimentos suficientes ou nutricionalmente adequados. Verificou-se, ainda, que esta insegurança estava associada a uma maior prevalência de doenças crónicas e, consequentemente, uma menor qualidade de vida.

A desnutrição no idoso pode ser muitas vezes desvalorizada, por ser confundida com os sinais de envelhecimento. O reconhecimento precoce de alterações no estado nutricional dos idosos é fundamental para uma correção efetiva de malnutrição, com benefícios na saúde e, até mesmo, na economia.

A intervenção nutricional personalizada no indivíduo com mais de 65 anos poderá contribuir para melhorar inúmeras patologias. Segundo o Projeto “Nutrition UP 65”, 11,6% dos idosos inquiridos não ingeriam a quantidade adequada de líquidos como forma de hidratação, mais de 85% consumia sal em excesso e sete em cada dez idosos apresentavam deficiência em vitamina D.

Já de acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e Atividade Física 2015-2016, verificou-se que 40% dos idosos não atingia as recomendações de ingestão de hortofrutícolas (400g/dia). E, em média, os idosos ingerem apenas 780mL de água por dia, aproximadamente metade das recomendações nutricionais para a idade.

Nutrição em geriatria: fatores a ter em atenção

Para a melhoria do estado nutricional dos idosos é essencial um aconselhamento nutricional adequado, que tenha em consideração todas as alterações na composição corporal e/ou função fisiológica, como, por exemplo, a diminuição da massa muscular e óssea e a possível diminuição dos mecanismos de mastigação e/ou deglutição.

De facto, as necessidades energéticas do idoso poderão ser inferiores às de um adulto em idades mais jovens devido ao decréscimo de atividade física e alterações na composição corporal (por exemplo, redução da massa muscular).

Contudo, as necessidades proteicas no idoso saudável são superiores às de um indivíduo adulto saudável e a maioria dos micronutrientes (vitaminas e minerais) mantém-se inalterada ou poderá até estar aumentada. Assim, um acompanhamento nutricional adequado é essencial para melhorar o estado de malnutrição dos idosos, contribuir para a redução impacto das doenças crónicas e, consequentemente, promover um envelhecimento saudável e ativo.

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Revisão Científica

Dra. Joana Bernardo

Dra. Joana Bernardo

Hospital Lusíadas Lisboa
PT