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O que são as aftas?

Colaboração
As pequenas úlceras orais esbranquiçadas a que nos habituámos a chamar aftas são lesões benignas e inofensivas apesar de dolorosas. Reveladoras de “uma disfunção local do sistema imunitário”, como explica Fábia Santos, médica dentista do Hospital Lusíadas Albufeira, podem ser causadas por diferentes fatores, entre eles a alimentação e o stresse.

Tipos de aftas

As aftas são lesões orais, pequenas úlceras que surgem em diferentes pontos da cavidade bucal, nomeadamente nas gengivas, na língua ou na garganta. Têm uma cor esbranquiçada ou amarelada, mas são feridas pouco profundas e “limpas”, ou seja, sem sinais de infeção. Isto apesar de se mostrarem como “úlceras dolorosas, que podem ou não ser precedidas por uma sensação de ardor ou queimadura”, explica Fábia Santos, médica dentista do Hospital Lusíadas Albufeira. As aftas classificam-se, de acordo com o tamanho e características, em três variantes:

  • Aftas minor

São úlceras superficiais, redondas, com um diâmetro de 5 a 7 mm e circunscritas por um halo avermelhado. Este tipo de aftas é o mais comum e surge sob a forma de uma úlcera simples ou lesões múltiplas. “Afetam a mucosa não queratinizada e só raramente o palato duro (céu da boca) ou a gengiva e persistem entre sete a dez dias”, acrescenta a especialista. As aftas minor desaparecem sem deixar qualquer cicatriz.

  • Aftas major

As grandes úlceras bucais, “com cerca de 30 mm/3 cm de diâmetro, simples ou múltiplas, mais profundas e com bordos irregulares” são, de acordo com Fábia Santos, uma variante “pouco frequente”. Estas aftas “aparecem preferencialmente nos lábios, na mucosa jugal (bochecha), na língua e no palato mole (parte mais posterior do céu da boca) e demoram uma a duas semanas a desaparecer, podendo deixar cicatriz”.

  • Estomatite aftosa herpetiforme

Igualmente pouco frequente, esta variante caracteriza-se pelo aparecimento, em qualquer zona da cavidade bucal, “de múltiplos grupos de úlceras rasas, pequenas, com 1 a 2 mm de diâmetro”. “As aftas podem ser confundidas com lesões herpéticas, provocadas pelo vírus do Herpes simplex.

Mas neste caso, as úlceras são precedidas de pequenas vesículas e têm partículas virais”, esclarece a médica dentista. “Lesões idênticas a aftas podem também aparecer em doentes com a Síndrome de Behçet – sendo que nesta síndrome, as lesões podem afetar outras áreas para além da região oral”, nomeadamente nos olhos e órgãos genitais.

Qualquer lesão que se prolongue além das três semanas sem sinais de melhoria/cicatrização deve ser avaliada pelo médico para diagnóstico diferencial, nomeadamente, de cancro oral.

Causas e fatores de risco

“A etiologia das aftas é desconhecida e será, provavelmente, multifatorial”, começa por sublinhar Fábia Santos. Sabe-se já, no entanto, que “há uma relação entre o aparecimento de aftas e a existência de uma disfunção local no sistema imunitário”, e que existem, também, fatores desencadeantes. Tais como:

  • Stresse;
  • Ocorrência de traumatismo intraoral (mordidas acidentais, por exemplo);
  • Alterações hormonais durante o ciclo menstrual;
  • Dieta (alguns alimentos podem conter substâncias alergénicas com potencial para desencadear o aparecimento de aftas. Entre estes, encontram-se frequentemente o ananás, as nozes, o chocolate e outros alimentos com glúten);
  • Fatores genéticos, imunológicos ou microbiológicos;
  • Helicobacter pylori que, tal como o refluxo, podem estar associados a alterações no pH oral.

Pela sua relação com uma situação de enfraquecimento do sistema imunitário, são fatores de risco para o seu aparecimento:

Tratamento 

O tratamento é essencialmente sintomatológico, porque as aftas curam-se espontaneamente entre 8 a 10 dias. Podem ser usados anti-inflamatórios de ação tópica, nomeadamente corticosteroides ou antifúngicos caso se suspeite de associação fúngica.

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Revisão Científica

Dra. Fábia Santos

Dra. Fábia Santos

Hospital Lusíadas Albufeira
PT