Hipercolesterolemia familiar ou colesterol hereditário
A prevalência da hipercolesterolemia familiar (FH) é de 1:4 em homens e 1:5 em mulheres com idades inferiores a 50 anos. Trata-se de uma doença autossómica dominante, o que significa que se transmite verticalmente: dos pais a 50% dos filhos. Isabel Mendes Gaspar, coordenadora da Unidade de Genética e responsável pela Consulta de Hipercolesterolemia Familiar do Hospital Lusíadas Lisboa, ajuda a perceber o que é a hipercolesterolemia familiar e o que se pode fazer para evitar maiores riscos para a saúde.
A hipercolesterolemia familiar
Os indivíduos portadores de hipercolesterolemia familiar apresentam níveis de colesterol total (CT) e colesterol-LDL (LDL-C) elevados desde a nascença, que se vão depositando nas artérias e nos tendões (xantomas tendinosos), o que dá origem a aterosclerose precoce.
A patologia deve-se à redução na capacidade hepática de remover as partículas de LDL-C do plasma e, consequentemente, na sua acumulação patológica e precoce, dando origem à disfunção arterial, inflamação e aterosclerose arterial em idade jovem.
Prevenção de doenças associadas
A antecipação do risco de doença cardio-cerebrovascular prematura (DCCVP) (coronária, cerebral, vascular periférica) e/ou eventos fatais inicia-se nas décadas 20-40 nos homens, e nas décadas de 40-60 nas mulheres. A expressão clínica da FH (hipercolesterolemia familiar) é influenciada pelos estilos de vida. Tais como:
- Dieta rica em ácidos gordos saturados;
- Tabagismo;
- Sedentarismo;
- Excesso de peso;
- Terapêuticas anti-concecionais e hormonais, etc.
- Pela presença de doenças crónicas.
Como fazer o diagnóstico?
Os critérios de diagnóstico de FH são adaptados do Dutch Clinic Network Criteria e Simon Broome Heart Research Trust:
História pessoal
- Doença coronária, AVC, aneurismas, doença vascular periférica prematuras (<55 anos nos homens e <60 anos nas mulheres);
- Xantomas tendinosos e/ou arco corneano antes dos 45 anos;
- LDL-C≥190mg/dL (5.0mmol/L) nos adultos;
- LDL-C≥155mg/dL (4.0mmol/L) nas crianças e adolescentes;
- Mutação nos genes LDLR, APOB ou PCSK9.
História familiar
- Familiar em 1º grau com doença coronária, AVC, aneurismas, doença vascular periférica e morte subita prematuras (<55 anos nos homens e <60 anos nas mulheres);
- Familiar em 1º grau com xantoma tendinoso e/ou arco corneano;
- Familiar com LDL-C no percentil ≥ 95 para a idade e género;
- Mutação nos genes LDLR, APOB ou PCSK9.
O diagnóstico precoce da hipercolesterolemia permite a adoção de estilos de vida saudáveis, nomeadamente evitando comportamentos de risco para doença cardio-cerebrovascular prematura, incentivando e implementando a atividade física regular, perda de peso, terapêuticas dietéticas e farmacológicas eficazes que modificam a mortalidade e a morbilidade desta doença hereditária.
Preencha o questionário
A Associação FH Portugal disponibilizou um questionário destinado aos portadores desta patologia, bem como a médicos e outros envolvidos, o que ajudará a acelerar o diagnostico da doença, a encontrar a sua melhor terapêutica e formas de prevenção. Pode encontrar o questionário aqui.
Conheça ainda as recomendações alimentares na hipercolesterolemia, da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa.