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Atleta prevenido vale por muitos

Saber escolher a atividade física mais adequada ao seu perfil permite fazer da prática desportiva uma poderosa aliada na melhoria da nossa qualidade de vida.

Com a pressa de perder peso ou atrás da imagem de uma vida saudável, há quem saia para correr sem preparação, escolha uma prática desportiva desadequada ou coloque pouco cuidado na sua execução – ignorando a necessidade de fazer aquecimento, alongamentos ou exagerando no tempo e na carga. Efetivamente, desta mistura podem sair as lesões musculares ou outros problemas igualmente graves que chegam a colocar em causa a continuação da prática de qualquer exercício.

Consulte o médico

Conhecer-se profundamente e consultar os especialistas é, assim, o primeiro passo que deve ser dado. Para saber o que fazer, começámos por falar com João Gamelas, coordenador da Unidade de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Lusíadas Lisboa. "Não sendo o único, o Ortopedista é um dos especialistas que se deve consultar, sobretudo quando se vai iniciar ou retomar o exercício físico, após um longo período de sedentarismo, ou em idades mais avançadas em que uma avaliação prévia do aparelho locomotor ganha importância", esclarece. O médico acrescenta ainda que quando já se teve alguma lesão do aparelho locomotor, o acompanhamento médico é indispensável.

Escolha acertadamente

Nem todos podemos fazer tudo. "Podemos e devemos escolher o tipo de atividade mais adaptado às nossas condições e limitações, quer sejam elas constitucionais, etárias, genéticas, por doença ou por lesão", explica João Gamelas. Até porque não dependemos apenas do nosso esforço ou vontade. A verdade é que estamos biologicamente desenhados para sermos melhores em determinadas áreas do que noutras. Ou seja, a nossa herança genética pode afetar a nossa performance física. "Há atividades para as quais sentimos mais facilidade e mais 'jeito' e para a prática das quais nos sentimos mais atraídos.  E são essas modalidades desportivas que tendemos a praticar", adianta o médico. "Se olharmos para atletas de diferentes modalidades vemos diferentes tipologias e morfologias físicas e constitucionais, associadas a cada uma delas. Desde os velocistas aos fundistas, passando pelos ginastas e pelos nadadores", continua. E exemplifica: "Não seria possível pôr um Nelson Évora a correr a maratona ou um Carlos Lopes a correr os 100 metros e a atingirem o nível de desempenho que cada um deles atingiu na sua respetiva modalidade. Simplesmente por limitações genéticas."

Os riscos da má preparação do atleta amador

Na generalidade, "os atletas amadores pouco preparados sofrem de lesões musculares e de entorses, principalmente dos músculos e articulações dos membros inferiores, para além das lesões específicas associadas a diferentes modalidades desportivas", diz João Gamelas.

Antecipar lesões, rentabilizar o treino

Nos últimos anos desenvolveram-se testes genéticos, desenhados para definir o perfil do atleta profissional ou amador, permitindo a prevenção de lesões, mas também uma melhor adequação da prática física. "O desenvolvimento dos testes genéticos tem tido uma evolução inimaginável nos últimos anos. Tão intensa que torna difícil prever onde nos poderá levar, no futuro próximo. A possibilidade de avaliação do perfil genético individual, com impacto na prevenção de lesões e, principalmente, na definição do tipo de exercício desportivo mais adequado, na metodologia e individualização do treino e no potencial da performance associada, está já disponível e é utilizado", garante o médico.

Prevenir e personalizar

"A população Portuguesa começa a despertar para este tipo de análises englobadas na abordagem da Medicina Preventiva Personalizada (MPP), também conhecida por Anti-Aging", revela Susana Pais, Marketing Manager da Labco Portugal. No mercado, está já disponível uma análise genética que permite avaliar a performance física. "Está adequado a atletas de alta competição, mas também aos desportistas que treinam de forma mas efetiva ao fim-de-semana, levando a cabo atividades desportivas como o atletismo, correndo maratonas, fazendo percursos de BTT, ou outras atividades com níveis de exigência físicos, moderados e elevados", revela Susana Pais. Os testes genéticos indicam a quantidade de massa gorda e massa muscular e avaliam a propriedade de força e resistência músculo-esquelética. É possível, assim prevenir o desenvolvimento de osteoporose, osteoartrite ou a suscetibilidade ao desenvolvimento de lesões nos ligamentos e a lesão do tendão de Aquiles. É ainda avaliada a resposta individual a diferentes tipos de treino desportivo (aeróbico e anaeróbico). O conhecimento das necessidades, limites e possibilidades do nosso corpo é cada vez mais completo. Mas é também cada vez mais importante associar esse conhecimento à escolha de uma prática desportiva. Porque o exercício é bom para a saúde, mas precisa de ser feito com conta, peso e medida. Com a nossa conta, o nosso peso e a nossa medida.

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Revisão Científica

Prof. Dr. João Gamelas

Prof. Dr. João Gamelas

Hospital Lusíadas Lisboa
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