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Gastroenterite infeciosa aguda: sintomas e prevenção

A maioria das gastroenterites é causada por vírus e desaparece ao fim de alguns dias sem deixar sequelas. Mas há que prestar especial atenção aos grupos de risco, alerta André Ramos, gastrenterologista do Hospital Lusíadas Albufeira: crianças, pessoas idosas, doentes crónicos e pessoas imunodeprimidas.

O que é a gastroenterite?

Uma gastroenterite infeciosa aguda é uma inflamação que se estende pelo tubo digestivo, afetando em simultâneo o estômago, o intestino delgado e o cólon. Pode ser provocada por vírus, bactérias ou parasitas e causa dores abdominais, náuseas, vómitos e diarreia. Chama-se intoxicação alimentar quando se sabe que a contaminação aconteceu através da alimentação, mas o que está em causa é sempre uma gastroenterite. Na maioria dos casos, a doença surge abruptamente e desaparece de forma espontânea ao fim de três a cinco dias.

Gastroenterite viral:

A maioria das gastroenterites são causadas por um vírus e o rotavírus, o norovírus e o adenovírus são os agentes mais comuns. Uma gastroenterite viral é inofensiva para um adulto saudável. As crianças correm maior perigo “primeiro no que toca a oportunidade de exposição e também porque o seu sistema imunitário está em aprendizagem e muitas vezes ainda é imaturo”, explica André Ramos, gastrenterologista do Hospital Lusíadas Albufeira. As pessoas idosas, doentes crónicos ou imunodeprimidos também constituem grupos de risco devido à fragilidade do seu sistema imunitário.

Gastroenterites bacterianas:

Em causa podem estar bactérias colonizadoras da mucosa intestinal e invasivas, como a salmonela, ou bactérias capazes de produzir toxinas tóxicas irritativas para o tubo digestivo, como a E. coli. As gastroenterites bacterianas são mais raras mas também mais agressivas e podem ser extremamente graves.

Gastroenterite causada por parasitas:

O problema é mais frequente nos países em desenvolvimento já que a falta de saneamento básico e condições de higiene no tratamento dos alimentos facilita a sua contaminação com parasitas como Toxoplasma gondii ou Cryptosporidium spp, potenciais causadores de gastroenterite.

Sintomas de gastroenterite

Dor abdominal, diarreia, vómitos e náuseas são os sinais mais comuns, mas a gastroenterite também pode causar dores de cabeça e “quebra do estado geral, cansaço, dores musculares (mialgia) ou nas articulações”, bem como outros sintomas, mais alarmantes, como febre,“diarreia com sangue e desorientação”, explica André Ramos, gastrenterologista do Hospital Lusíadas Albufeira.

Prevenção

A transmissão da gastroenterite é feita pela forma fecal-oral, e por contágio pessoa-a-pessoa, sendo os cuidados gerais com a alimentação e a higiene a melhor forma de evitar a doença:

  • Lave e seque sempre bem as mãos;
  • Mantenha a casa de banho limpa e desinfetada e redobre os cuidados quando existe uma pessoa doente e até os sintomas desaparecerem;
  • Na cozinha, tenha especial cuidado com o manuseamento de carnes brancas, ovos, entre outros alimentos;
  • Guarde os alimentos crus ou processados a baixas temperaturas;
  • Em viagem, prefira sempre água engarrafada;
  • Em países com más condições de saneamento peça sempre bebidas sem gelo e lave os dentes com água engarrafada.

Diagnóstico e tratamento

Só nos casos mais graves e prolongados, ou quando por exemplo se verifica uma intoxicação alimentar em larga escala e está em causa a saúde pública, é que se investiga a origem da gastroenterite recorrendo à coprocultura, a análise bacteriológica das fezes.

No dia a dia, face à alta probabilidade de se tratar de uma gastroenterite viral, autolimitada — ou seja, que passa de forma espontânea em poucos dias —, a primeira linha de tratamento consiste apenas em medidas de suporte. Garantir a hidratação — se necessário com recurso a soro endovenoso — é o mais importante.

Depois, o médico pode recorrer a fármacos para alívio das queixas como enjoo, náuseas e vómitos difíceis de controlar, bem como a antidiarreicos. No entanto, “como o próprio mecanismo de diarreia é propício à ‘expulsão’ do agente agressor, não se deve ser muito vigoroso no tratamento com antidiarreicos”, explica André Ramos, lembrando ainda que “os probióticos são hoje em dia bastante utilizados como ‘complemento’ terapêutico, repondo e regularizando a microbiota intestinal”. O uso de antibióticos é reservado para os casos mais complicados.

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Revisão Científica

Dr. André Ramos

Dr. André Ramos

Coordenador da Unidade de Gastrenterologia

Hospital Lusíadas Albufeira
Clínica Lusíadas Faro
Hospital Lusíadas Vilamoura

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