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Protetor solar: quando pensa que está protegido mas não está

“Estou dentro de água, por isso não preciso de protetor solar”; “O meu creme facial já tem proteção”. Ou: “Sou tão moreno que não preciso de me proteger”. Descubra por que razão estas ideias estão erradas.

Não faça do sol um inimigo. A exposição solar tem de ocorrer para que se produza vitamina D, mas de forma moderada. Devem privilegiar-se a exposição solar no início da manhã e no fim da tarde e sempre com proteção. Isto quer dizer que é importante aplicar protetor solar diariamente e reforçá-lo várias vezes –mesmo no inverno e em dias de chuva –nas áreas expostas (habitualmente nas mãos e faces e, no verão, incluir os braços e as pernas). No entanto, existem muitas situações em que pensa erradamente estar protegido. Filipa Margalho, da Unidade de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva do Hospital Lusíadas Lisboa, explica por que algumas afirmações ouvidas frequentemente são incorretas.

“Está nublado, portanto não é preciso colocar protetor solar.”

Errado. Nos dias nublados ou em que está nevoeiro deve usar-se proteção solar. Apesar de a luz solar aparentar ser menor e a temperatura não estar tão elevada, as radiações ultravioleta (UV) estão presentes de igual modo porque atravessam as nuvens. São elas que provocam queimaduras solares e cancro da pele. E quando está vento o efeito é idêntico: a sensação térmica ou a própria temperatura são mais baixas, mas as radiações UV estão presentes e são igualmente danosas.

“São só uns minutinhos ao sol – meia-hora no máximo –, por isso nem vale a pena espalhar protetor solar.”

Vale a pena, sim, e deve-se aplicar protetor solar inclusivamente no dia a dia, mesmo quando está longe da praia e da piscina. Use sempre óculos de sol e protetor solar. É que o efeito das radiações solares é cumulativo, o que significa que todos os minutos que estamos expostos são somados ao longo da nossa vida e é esse efeito que está na origem dos cancros da pele.

“O protetor não faz falta se estiver dentro de água, seja do mar ou da piscina.”

É sempre necessário colocar protetor solar. As radiações UV penetram na água, onde são refletidas e refratadas. Como tal, mesmo dentro de água é necessário estar protegido. Por exemplo, quando se está a uma profundidade de 50 cm, a exposição a radiações solares é de 75%. De resto, exceto quando mergulha, dificilmente o corpo está completamente dentro de água. Assim, as zonas que estão fora de água estão expostas às radiações já existentes e às que são refletidas pela água.

“São 13h. Ainda agora espalhei o protetor solar, por isso posso ir à água.”

Deve evitar ir à água entre as 12h e as 16h, mesmo que tenha espalhado protetor solar. Já quando estiver fora desse horário deve aplicar o protetor sempre 30 minutos antes de entrar na água e reforçar a sua aplicação a cada duas horas.

Já passa das 17h, já não preciso aplicar protetor solar.”

Precisa, claro. Deve usar-se sempre proteção, mesmo que se evite a exposição ao sol entre as 11h e as 17h.

“O meu protetor solar é totalmente resistente à água.”

Infelizmente, nenhum é. Apesar de atualmente a maioria dos protetores solares existentes no mercado indicarem que são resistentes à água, não o são por completo e a sua aplicação tem de ser renovada após o banho.

“Já coloquei um creme facial com proteção solar, já não preciso aplicar o protetor.”

Talvez precise se o creme facial tiver um fator de proteção inferior a 30 (o que é comum à maioria). É que no rosto deve aplicar-se proteção 50+. Assim, se o índice de proteção do seu creme for inferior, deve aplicar o protetor. O ideal é fazê-lo 30 minutos antes da exposição solar.

“Só com o bronzeador já estou protegido das radiações solares.”

A maioria dos bronzeadores não tem fator de proteção solar, apenas componentes que estimulam a pele a produzir melanina para adquirir um tom moreno. 

“Estou tão bronzeado que não preciso de protetor.”

Ao ter um tom de pele mais escuro, as pessoas pensam que estão protegidas, mas isso é falso. Deve manter-se a proteção porque as radiações UV continuam presentes e causam danos na pele. A cor mais escura que adquirimos com a exposição solar é uma resposta do nosso corpo, sob a forma de produção de melanina, a uma agressão externa – os raios UV solares. Uma pessoa de pele clara que esteja bronzeada necessita de manter todas as medidas de proteção solar porque o bronzeado não lhe confere proteção adicional suficiente.

“Se vou à praia, devo vestir roupas claras.”

Errado. As roupas de cor clara permitem a passagem de mais radiação UV quando comparadas com o vestuário de cor mais escura: fazem com que a radiação seja refletida pela roupa e atinja áreas expostas, como a face. Os tecidos mais grossos ou as fibras sintéticas, como o poliéster, protegem mais porque bloqueiam grande parte da radiação UV. Quando a roupa está molhada, a sua pele está menos protegida porque o tecido alarga o que torna mais fácil a passagem da radiação através das suas fibras.

Dicas

Que tipo de proteção usar?

  • Crianças: Fator 50+, ecrã total
  • Pessoas de pele clara: Fator 50+, ecrã total
  • Pessoas mais morenas: Fator 30 no corpo e 50+ na face

Como se proteger?

  • As crianças devem usar chapéu, t-shirt ou um fato completo de praia e deve aplicar-lhes protetor nas áreas expostas;
  • Dê preferência às roupas de cor escura, aos tecidos mais grossos e às fibras sintéticas;
  • Devem usar-se óculos com proteção UV e chapéu de abas largas.

 

Este artigo conta com a revisão científica de Ana Filipa Margalho, médica especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva no Hospital Lusíadas Lisboa.

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Revisão Científica

Dra. Ana Filipa Margalho

Dra. Ana Filipa Margalho

Hospital Lusíadas Lisboa
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