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Porque é importante a literacia em saúde

Um baixo nível de literacia em saúde é considerado um fator de risco para doenças como a obesidade, a diabetes, as doenças cardiovasculares e o cancro.

A Organização Mundial da Saúde define a literacia em saúde como o conjunto de competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para acederem, compreenderem e utilizarem a informação em saúde, promovendo um bom estado de saúde. 
A literacia em saúde é definida também por Ilona Kickbusch (2005), especialista em saúde global, como a capacidade para tomar decisões fundamentadas, no decurso do dia a dia, em casa, na comunidade, no local de trabalho, na utilização dos serviços de saúde, no mercado e no contexto político. Tem sido também descrita como uma estratégia de capacitação para aumentar o controlo das pessoas sobre a sua saúde, fornecendo-lhes competências para procurar informação e para assumir as responsabilidades.


Como estão os níveis de literacia em saúde da população portuguesa?

A Direção-Geral de Saúde promoveu uma avaliação dos níveis de literacia em saúde da população portuguesa, entre 2020 e 2021, no âmbito do plano de ação para a literacia em saúde 2019-2021 e enquadrado no consórcio europeu WHO Action Network on Measuring Population and Organizational Health Literacy (M-POHL). Nesse estudo, verificou-se que 65% dos indivíduos inquiridos tinham um nível suficiente de literacia em saúde, 22% um nível problemático, 7,5% um nível insuficiente e apenas 5% um nível excelente. 
Importa abordar este tema porque um nível inadequado de literacia em saúde pode ter implicações significativas na saúde individual e coletiva, bem como na gestão dos recursos e gastos em saúde. Além disso, um baixo nível de literacia em saúde tem sido identificado como um fator de risco para doenças crónicas não transmissíveis, como a obesidade, a diabetes, as doenças cardiovasculares e o cancro. 

Literacia nutricional e literacia alimentar

Uma alimentação equilibrada, completa e variada constitui um fator essencial para um estado de saúde adequado, desempenhando um papel importante na prevenção de diversas doenças crónicas não transmissíveis e contribuindo, assim para uma melhor qualidade de vida. Por este motivo, quando se fala em literacia em saúde, torna-se também imperativo falar de literacia nutricional e literacia alimentar. 
Enquanto a literacia nutricional se centra na compreensão de informações exclusivamente relacionadas com os nutrientes, a literacia alimentar engloba a capacidade de relacionar a informação nutricional e alimentar bem como as competências, ao aplicar essas informações no dia a dia, na preparação de alimentos, no ato de fazer escolhas alimentares mais saudáveis e com um impacto positivo para a saúde, para o meio ambiente e para a economia. 


Em conclusão

Se existir uma compreensão inadequada da informação escrita e oral fornecida pelos técnicos de saúde, uma menor capacidade para utilizar o sistema de saúde para obter os serviços necessários e uma menor probabilidade de seguir as indicações prescritas, existirá uma baixa utilização dos serviços de prevenção e rastreio de doença, uma maior probabilidade de hospitalização, uma elevada prevalência e severidade de algumas doenças crónicas e consequentemente, piores condições de saúde. 
Por isso, a literacia em saúde contribui não só para a prevenção da doença e promoção da saúde, como também para a eficácia dos serviços de saúde. A promoção da literacia nutricional e, principalmente, da literacia alimentar é crucial para a promoção da saúde com base no comportamento alimentar.
Torna-se, assim, fundamental promover a capacitação da população, incentivar a utilização dos serviços de prevenção e de rastreio de doenças e fornecer ferramentas para uma melhor utilização dos serviços de saúde. 
 

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Revisão Científica

Dra. Beatriz Vieira

Dra. Beatriz Vieira

Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica

Hospital Lusíadas Amadora
PT